António Costa + China = desfiliação do fundador do PS Alfredo Barroso
Porto Canal
O fundador do Partido Socialista Alfredo Barroso decidiu pedir a desfiliação do partido por estar "envergonhado" com declarações do secretário-geral, António Costa, que acusa de ter prestado "vassalagem à China".
Num texto hoje noticiado pela Antena 1 e reproduzido no Observador, Alfredo Barroso enumera as razões que o levaram a tomar a decisão de se afastar do PS, que ajudou a fundar em 1973, revelando que ainda esta semana enviará uma carta "muito simples" a pedir a desfiliação do partido.
"Sou um dos fundadores do PS e sou, hoje, o militante número 15 do partido (com as quotas em dia). Mas já chega! Nunca me passou pela cabeça que um secretário-geral do PS se atrevesse a prestar vassalagem à ditadura comunista e neoliberal da República Popular da China, e se atrevesse a declarar, sem o menor respeito por centenas de milhares de desempregados e cerca de dois milhões de portugueses no limiar da pobreza, que Portugal está hoje melhor do que há quatro anos. A declaração de António Costa é uma vergonha!", lê-se no excerto da nota publicada por Alfredo Barroso no Facebook e citada pelo Observador.
O ex-chefe da Casa Civil do Presidente da República Mário Soares classifica de "vergonhosa" a intervenção de António Costa aquando das comemorações do novo ano chinês, na semana passada, no Casino da Póvoa do Varzim.
"Como nós dizemos em Portugal, os amigos são para as ocasiões. E, numa ocasião difícil para o país, em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os chineses, os investidores, disseram presente, vieram e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar hoje na situação em que está, bastante diferente daquela que estava há quatro anos atrás", disse, na altura, o líder socialista, ao agradecer o apoio dos investidores chineses em Portugal.
Alfredo Barroso qualifica as declarações de António Costa como uma "enorme chinesice", "um passo fatal" e um "tiro de canhão no coração do PS", de acordo com a notícia da Antena 1.
Na nota, intitulada "Depois da ignóbil 'chinesice' de Costa, demito-me do PS, e é já", Barroso sublinha que, aos 70 anos, quer "acabar a vida com alguma dignidade e coerência", situação que considera não ser "manifestamente possível" se continuar "a militar" no PS.
O político socialista assegura ainda que não irá filiar-se num outro qualquer partido político, mas promete "apoiar e votar" no Bloco de Esquerda, de forma a "contrariar o oportunismo daqueles que se tornaram dissidentes do BE, aproximando-se do PS de António Costa, à espera de um 'lugarzinho' na mesa do orçamento, ou seja, na distribuição de cargos num futuro governo".
Alfredo Barroso termina o texto antevendo que será alvo de críticas por parte do aparelho socialista: "não duvido das miseráveis campanhas que a 'ralé' que tomou conta do 'aparelho' do PS é capaz de se atrever a desenvolver contra mim."
A Agência Lusa tentou contactar Alfredo Barroso, mas sem êxito.