Presidente do ISP admite falhas de articulação com o BdP sobre Tranquilidade
Porto Canal / Agências
Lisboa, 18 nov (Lusa) - O presidente do Instituto de Seguros de Portugal (ISP), José Almaça, reconheceu hoje que houve falhas de articulação com o Banco de Portugal (BdP) em torno do processo que levou a Tranquilidade a passar para a esfera do Novo Banco.
"Em relação às falhas de articulação com a garantia, [a responsabilidade] não foi minha", afirmou o responsável na sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.
Em causa está a utilização da Tranquilidade como garantia numa provisão feita para um crédito concedido pelo Espírito Santo Financial Group (ESFG), que detinha a seguradora, ao BES, numa operação em que a Tranquilidade foi avaliada em 700 milhões de euros pela auditora PwC, no início de 2014.
O BdP aceitou a avaliação de 700 milhões de euros mas, segundo José Almaça, a seguradora do universo GES "nunca podia valer isso".
E reforçou: "Desde a primeira hora que afirmei que não valeria os 700 milhões de euros".
Segundo Almaça, o valor máximo da Tranquilidade ascende a 250 milhões de euros.
Questionado pelos deputados sobre porque é que não transmitiu esta informação ao BdP, Almaça disse que não foi consultado atempadamente sobre a operação.
"Por uma questão de gentileza, devia ter sabido", sublinhou o presidente do ISP.
Ainda assim, Almaça afasta a ideia de que os supervisores da banca e dos seguros estejam de costas voltadas.
"Não se pode aferir que há uma má relação entre os supervisores financeiros. Só lamentei não ter sido avisado com tempo sobre esta questão da garantia", realçou.
"Eu não disse que não existia uma boa relação com o BdP. [Ainda assim], em relação a este processo da Tranquilidade a informação não circulou como devia ter circulado", assinalou, acrescentando que a partir do momento em que uma seguradora é dada como garantia numa provisão de crédito, o ISP "devia ter sido informado".
Já no final da audição, em declarações aos jornalistas, Almaça adiantou que, caso tivesse tido conhecimento da avaliação de 700 milhões de euros que foi atribuída à Tranquilidade, "tinha dito logo que aquilo não tinha aquele valor".
E justificou as falhas de informação entre o ISP e o BdP com a "pressão do tempo".
A comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES arrancou na segunda-feira e no total serão ouvidas cerca de 130 personalidades das mais diversas áreas.
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