PS quer saber detalhes sobre transação de acções do BES
Porto Canal
O PS pediu hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) informações referentes ao "volume transacionado em ações do BES" entre 28 de julho e 01 de agosto, documentação que o partido pretende utilizar na comissão de inquérito.
De acordo com texto hoje apresentado ao presidente da comissão de inquérito, Fernando Negrão, e ao qual a agência Lusa teve acesso, é pedido à CMVM o volume transacionado de ações do banco no referido período, discriminado por dia, hora e "percentagem de clientes institucionais e percentagem de clientes não institucionais".
O PS pretende também saber os nomes dos vendedores e compradores das ações do Banco Espírito Santo (BES) no referido período.
Em declarações à Lusa, o coordenador do partido na comissão, o deputado Pedro Nuno Santos, lembrou a queda abrupta do valor dos títulos do BES na bolsa, e sublinhou a importância de saber em detalhe "os fluxos de transação" de ações.
"Um dos blocos que será alvo de inquirição por nós, PS, será o momento em que é decidida a resolução e o que se passou nos dias seguintes, nomeadamente se houve ou não circulação sobre essa decisão antes do dia três [de agosto] e por onde circulou essa informação", sustentou o socialista.
O pedido de documentação da CMVM junta-se a diferentes outros textos e missivas solicitados pelos vários partidos para apoiar os trabalhos parlamentares.
No total, serão ouvidos na comissão de inquérito parlamentar à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo mais de 120 personalidades, entre reguladores, supervisores, gestores, elementos da família Espírito Santo e figuras políticas, do atual Governo mas também do anterior executivo do PS.
A primeira audição da comissão de inquérito parlamentar, proposta pelo PCP e aprovada por unanimidade, decorrerá a 17 de novembro.
A 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição.
No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas, enquanto no 'banco bom', o banco de transição que foi designado Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.