Portugal vai reavaliar cooperação com Timor-Leste após expulsão de funcionários judiciais

Portugal vai reavaliar cooperação com Timor-Leste após expulsão de funcionários judiciais
| Política
Porto Canal

O Governo português reagiu “com profunda preocupação e desconforto” à ordem de expulsão dos funcionários judiciais internacionais em Timor-Leste, considerando que a participação portuguesa em programas de cooperação bilateral “deve ser reavaliada”.

Uma resolução do Conselho de Ministros timorense, hoje publicada em Jornal da República, ordena aos Serviços de Migração que expulsem, no prazo de 48 horas após a notificação, os funcionários judiciais internacionais que se encontram no país, onde se incluem sete portugueses: cinco juízes, um procurador e um oficial da Polícia de Segurança Pública.

Em comunicado enviado à Lusa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros “deplora, por claramente desproporcionadas, as súbitas revogações de vistos e de autorizações de estada, que considera graves e que imputa a razões alheias ao desempenho das tarefas atribuídas aos referidos funcionários internacionais”.

Face à decisão, o Executivo português “entende que a participação portuguesa em programas de cooperação com Timor-Leste, especialmente em programas multilaterais nas áreas da justiça e anticorrupção, deve ser reavaliada”.

O futuro da cooperação bilateral “ficará dependente dos esclarecimentos que venham a ser prestados pelas autoridades timorenses”, refere o Ministério dos Negócios Estrangeiros, acrescentando que, “nos últimos dias, foram realizadas sucessivas diligências e contactos político-diplomáticos de alto nível”.

Por outro lado, Portugal reitera o "compromisso para com o apoio a Timor-Leste", recordando que a relação bilateral tem sido "especialmente próxima" e resultado "numa cooperação profícua e setorialmente diversificada".

No dia 24 de outubro, o Parlamento timorense, “invocando motivos de força maior e a necessidade de proteger de forma intransigente o interesse nacional”, aprovou uma resolução que suspendeu o contrato com funcionários judiciais internacionais, referindo que “estes profissionais externos” revelaram “falta de capacidade técnica” para “dotarem funcionários timorenses de conhecimentos adequados”.

No mesmo dia, o Parlamento timorense instou o “Governo a efetuar uma auditoria técnica aprofundada sobre o funcionamento do sector da justiça”.

O Governo timorense decidiu agora, “transitoriamente e sem prejuízo de uma decisão em sentido inverso no futuro, fazer cessar, de imediato, todas as contratações existentes e renovações contratuais dos funcionários judiciais internacionais, a exercer funções na Magistratura Judicial, no Ministério Público, na Defensoria Pública, na Comissão Anticorrupção e, bem assim, no Centro de Formação Jurídica”.

Por isso, “os funcionários judiciais e assessores internacionais a exercer funções junto dessas entidades viram os seus contratos de trabalho revogados” e deixaram de ter direito a “vistos de trabalho” ou “autorização de estada especial” no país.

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