Acções da Oi disparam 8,5% após oferta da Altice de 7.025 ME pela PT Portugal
Porto Canal / Agências
Lisboa, 03 nov (Lusa) - As ações da operadora brasileira Oi dispararam hoje e seguem a valorizar 8,5%, depois de a multinacional francesa Altice, dona da Cabovisão e da Oni, ter formalizado a oferta de compra da PT Portugal por 7.025 milhões de euros (ME).
Cerca das 13:15 em Lisboa (11:15 em São Paulo), as ações da Oi avançavam 8,46% para 1,41 reais (cerca de 45 cêntimos), com mais de 16 milhões de ações transacionadas na bolsa de São Paulo (Índice Ibovespa).
Na sexta-feira, os títulos da Oi, que detém a PT Portugal desde o aumento de capital de 05 de maio, fecharam nos 1,30 reais (41 cêntimos), depois de terem batido mínimos a 23 de outubro, quando chegaram a valorizar 1,05 reais (33 cêntimos), já depois da rejeição pelo Tribunal do Luxemburgo do pedido de gestão controlada da Rio Forte Investments, podendo isto significar a insolvência desta empresa do Grupo Espírito Santo e, logo, a impossibilidade da Portugal Telecom vir algum dia a recuperar os cerca de 900 milhões de euros que ali investiu em papel comercial.
Os últimos máximos registados remontam a 05 de maio, dia do aumento de capital, quando as ações encerraram o mercado a cotar 2,39 reais (77 cêntimos).
Os ganhos de hoje ocorrem depois da multinacional do setor das telecomunicações Altice ter oferecido 7.025 milhões de euros para a compra dos ativos da Portugal Telecom (PT) fora de África, segundo um comunicado da empresa.
A Altice propôs comprar à brasileira Oi os interesses da Portugal Telecom fora de África, excluindo a dívida da Rio Forte, empresa do grupo Espírito Santo em processo de falência, e veículos financeiros da PT.
Se a oferta for aceite, a venda firma o fim da operação de fusão em curso entre a Portugal Telecom e a Oi, que tem como objetivo criar um gigante das telecomunicações no mercado lusófono.
Por sua vez, a Portugal Telecom também já enviou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), um comunicado da Oi, em que esta confirma que recebeu uma proposta de aquisição de negócios da PT Portugal, a 2 de novembro de 2014, pela Altice para a compra de ativos da PT Portugal, relacionados com suas atividades operacionais, por aquele valor "excluindo caixa e dívida".
"O 'enterprise value' da proposta considera um 'earn-out' (pagamento diferido) de 400 milhões de euros sujeito a geração futura de receitas, além de um 'earn-out' de 400 milhões de euros sujeito a geração futura de fluxo de caixa operacional livre. O preço final estará sujeito a ajustes comuns em operações de compra e venda de empresas", lê-se no comunicado.
O documento esclarece também que "não fazem parte do alvo objeto da proposta os investimentos da PT Portugal na Africatel GmbH & Co. KG e Timor Telecom S.A., o endividamento da PT Portugal e os investimentos na Rio Forte Investments S.A.", acrescentando que estes são objeto da permuta com a Portugal Telecom SGPS, "sujeita à aprovação pela Comissão de Valores Mobiliários" (regulador brasileiro - CVM).
A proposta já foi enviada ao Conselho de Administração da Oi, que analisará e decidirá sobre os seus termos, refere ainda o documento.
O empréstimo de 897 milhões de euros, acordado em abril pela Portugal Telecom à Rio Forte, semeou a discórdia entre os dois operadores.
A Oi forçou o seu parceiro português a assinar um novo acordo de fusão, ao abrigo do qual o grupo português ficará com a sua participação na futura entidade reduzida dos iniciais 38% para 25,6%.
A oferta da Altice surge na sequência de negociações encetadas em outubro com a brasileira Oi pela fatia da Portugal Telecom, também cobiçada pelo fundo de investimento britânico Apax Partners.
Quanto à Portugal Telecom SGPS, que além da dívida da Rio Forte, detém como único ativo a posição na brasileira Oi, as suas ações seguem a ganhar 4,06% para 1,36 euros, com cerca de 18 milhões de ações transacionadas.
JMG (JMR/DM)// ATR
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