António Dacosta é o primeiro artista português com catálogo "raisonné" na internet

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 15 out (Lusa) - O Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian anunciou hoje que vai lançar na quinta-feira o catálogo "raisonné" de António Dacosta (1914-1990), o primeiro artista português a ter toda a obra reunida "online".

A diretora do CAM, Isabel Carlos, disse hoje, em Lisboa, num encontro com jornalistas, que o catálogo será lançado propositadamente no dia da inauguração da exposição sobre a obra António Dacosta, assinalando o centenário do nascimento do artista.

"É um catálogo excecional, porque será o primeiro 'raisonné' 'online' em Portugal, e dos poucos que existem no mundo", sublinhou a responsável, justificando que o CAM decidiu criá-lo "a pensar no público que já só usa o formato digital".

No entanto, a exposição com 135 obras de António Dacosta, com curadoria de José Luís Porfírio, que é inaugurada na quinta-feira, também terá um catálogo em papel "dirigido ao público que só lê em papel".

"Vivemos um tempo um pouco híbrido em que existem estes dois tipos de público muito diferentes", comentou a diretora do CAM, sublinhando que o catálogo "raisonné" digital tem as vantagens da atualização permanente - sempre que é descoberta uma nova obra ou uma peça muda de proprietário - e também como ferramenta de trabalho para os investigadores.

O catálogo "raisonné" está disponível em www.dacosta.gulbenkian.pt. Futuramente, será apresentado também em inglês e será possível a consulta por telemóvel ou através de uma aplicação digital, indicou o CAM.

Questionada pela agência no final da visita à exposição de António Dacosta sobre a duração do projeto, Isabel Carlos explicou que a equipa técnica e de investigadores trabalhou durante quatro anos para criar este catálogo, que reunirá as obras, estudos, biografia, entrevistas, bibliografia, entre outros conteúdos.

Isabel Carlos disse ainda que "este projeto pioneiro foi um dos mais importantes a que o CAM se dedicou nos últimos anos e será certamente uma tendência para o futuro".

A exposição "António Dacosta 1914 | 2014", que abre ao público na sexta-feira e ficará patente até 25 de janeiro de 2015, no CAM, começa com uma evocação do coelho do livro "Alice no País das Maravilhas", estudo concebido para o painel de azulejos que ocupa as paredes da plataforma e da zona superior de acesso da estação do Metro do Cais do Sodré ("Estou atrasado").

Reunindo documentação, ilustrações, bibliografia, iconografia, desenhos e apontamentos, a exposição tem obras inéditas e outras menos conhecidas do público.

O objetivo da mostra, no âmbito do centenário do artista, poeta e crítico de arte, é dar uma imagem de conjunto da obra, combinando núcleos demarcados no tempo, como a fase surrealista dos anos de 1940.

Nascido em 1914, em Angra do Heroísmo, nos Açores, António Dacosta teve uma fase artística marcada pelo Surrealismo, entre 1939 e 1948, afirmando-se como uma figura de referência neste movimento, em Portugal.

Em 1947, fixou residência em Paris, onde realizou pinturas que o aproximaram da arte abstrata, seguindo-se depois um hiato de cerca de 30 anos, em que interrompeu quase por completo a prática artística, dedicando-se à crítica de arte.

Retomou a pintura no final da década de 1970, data a partir da qual realizou várias obras, adquirindo visibilidade na década de 1980. António Dacosta faleceu em Paris, em dezembro de 1990.

A Gulbenkian vai inaugurar, na mesma altura, outras duas exposições: "Poesia Espacial", de Salette Tavares (1922-1994), que mostra o percurso de uma artista que explorou tridimensionalmente a poesia, e a exposição "Animalia e Natureza na Coleção do CAM", relacionada com os animais pintados por Dacosta, e que reunirá obras em pintura, escultura, fotografia e vídeo de artistas como Paula Rego, Bruno Pacheco, Leonel Moura e Julião Sarmento.

AG // MAG

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