Oposição parlamentar pede demissão do ministro da Educação
Porto Canal com Lusa
A oposição parlamentar, em bloco, pediu hoje no parlamento a demissão do ministro da Educação, Nuno Crato, durante um debate agendado para esclarecer os problemas relacionados com a colocação de professores e os danos causados aos alunos.
"Neste momento, Nuno Crato, por mais que a maioria queira, já não tem legitimidade política para liderar o Ministério da Educação", afirmou o deputado do PS Acácio Pinto, defendendo que está em curso "um crime político" na área da educação.
Perante os pedidos de demissão, o ministro respondeu apenas: "Não nos demitimos de corrigir erros".
O PS lembrou que há alunos que estão há quase um mês sem aulas e que já se sentem danos nas aprendizagens.
O debate resulta de um agendamento potestativo do PEV (direito de dominar a agenda), tendo a deputada Heloísa Apolónia feito a intervenção inicial em nome do partido para dizer que se impõe um esclarecimento urgente do ministro.
"Estes erros são indesculpáveis, hoje o país pede que o Governo assuma o mínimo que tem de assumir, indemnize os professores lesados e divulgue as listas de colocação. O país precisa de um método estável de colocação de professores", sustentou Heloísa Apolónia.
A deputada lembrou que professores mal colocados tiveram de celebrar contratos de arrendamento, pagar mais de um mês de renda, havendo casos em que levaram os filhos consigo para outras localidades e agora têm de "voltar para trás".
Rita Rato, do PCP, acusou a equipa ministerial de ter criado "um problema gravíssimo" ao país.
"A situação das escolas é insustentável. Cada dia a mais deste governo é um dia a mais para o país e para a escola pública", criticou.
O PSD, através de Amadeu Albergaria, assumiu que o processo de colocação de professores através da Bolsa de Contratação de Escola (BCE) não correu bem e defendeu que devem ser ponderadas todas as possibilidades legais para ressarcir os docentes que foram "vítimas de um erro".
O Bloco de Esquerda, pela voz do deputado Luis Fazenda, desafiou o ministro a demitir-se no parlamento, considerando mesmo que seria uma atitude de "higiene democrática".
Luís Fazenda exigiu a divulgação das listas de colocação de professores e perguntou se o Ministério da Educação vai "honrar os contratos que assinou" com os professores que ficaram sem trabalho depois de corrigido o erro associado à plataforma da Bolsa de Contratação de Escola.