Carlos Costa diz que era “legítimo” que Vítor Bento não quisesse venda rápida do Novo Banco
Porto Canal
O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, disse hoje que era "legítimo" que Vítor Bento fosse contrário à venda rápida do Novo Banco, por considerar que "com mais tempo" podia valorizar a instituição.
"É natural que o Conselho de Administração do Novo Banco achasse que, com mais tempo, poderia fazer um trabalho diferente", afirmou Carlos Costa, que está a ser ouvido na comissão parlamentar de Finanças, Orçamento e Administração Pública sobre a demissão da administração constituída por Vítor Bento, José Honório e João Moreira Rato, três meses após assumir funções.
Ainda assim, Carlos Costa realçou que "o estatuto do banco é muito claro sobre a natureza transitória do acionista", admitindo a existência de um dilema sobre a influência do tempo, após o Fundo de Resolução ter assumido a gestão do banco, na valorização da instituição.
Na comunicação da saída, os três gestores defenderam que não saíam "em conflito com ninguém, mas apenas porque as circunstâncias alteraram profundamente a natureza do desafio" com base no qual aceitaram a missão em meados de julho.
Considerando "normal" a saída da equipa de administração, Carlos Costa afirmou que "era muito importante” que Vítor Bento “tivesse aceitado continuar" à frente do Novo Banco.
No dia 3 de agosto, o BdP tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.
No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas.
No 'banco bom', o banco de transição que foi chamado de Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.