Governador do BdP considera "normal" demissão de Vítor Bento
Porto Canal
O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, considerou hoje "normal" que Vítor Bento se tenha demitido da liderança do Novo Banco, admitindo que houve uma alteração de circunstâncias.
"O doutor Vítor Bento esforçou-se e, depois de uma grande dedicação, houve um momento em que considerou que não era a pessoa adequada para continuar com o processo", afirmou Carlos Costa, na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública, onde está a ser ouvido na sequência de um requerimento do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, no âmbito da demissão da Administração do Novo Banco.
O governador do BdP manifestou "reconhecimento" pelo facto de Vítor Bento ter aceitado o desafio para liderar o BES e depois continuar em funções, apesar das "alterações de circunstâncias", que entretanto ocorreram.
"Não podemos forçar ninguém, apesar de todo o apreço que tenho pelo doutor Vítor Bento, foi um processo absolutamente dialogado", disse aos deputados, acrescentando que "o que se passou é normal".
"Ele aceitou e ficamos reconhecidos, mas depois considerou que não era adequado continuar", declarou, remetendo para Vítor Bento mais explicações sobre a demissão.
No entanto, o antigo presidente do Novo Banco não aceitou a chamada para prestar declarações na comissão permanente de Finanças, Orçamento e Administração Pública, remetendo para a comunicado enviado na altura da demissão.
No dia 3 de agosto, o BdP tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.
No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES mas que está em liquidação, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas.
No 'banco bom', o banco de transição que foi chamado de Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.