Sindicato queixa-se de "irregularidades e pressões" em colégio de Gaia

| Norte
Porto Canal / Agências

Porto, 06 out (Lusa) -- O Sindicato dos Professores do Norte (SPN) denunciou hoje "irregularidades e pressões" no ensino particular e cooperativo, nomeadamente no despedimento de dois professores no Colégio de Gaia, um ano depois de se tornarem delegados sindicais.

"O SPN regista a coincidência de dois docentes sem qualquer antecedente disciplinar (...) terem sido despedidos em menos de um ano depois da sua eleição para delegados sindicais", afirmou a coordenadora do SPN, Manuela Mendonça, que falava em conferência de imprensa.

Segundo a responsável, "não há matéria" que justifique estas demissões por justa causa, pelo que o sindicato interpôs uma providência cautelar de suspensão do despedimento dos dois docentes e avançou com um pedido de impugnação da decisão.

A 20 de março de 2013, numa declaração escrita, a direção do Colégio de Gaia louvava o "elevado profissionalismo" dos professores e, um ano depois, despediu-os, disse Manuela Mendonça.

"Ao contrário dos seus colegas de ensino público, a maioria dos professores sindicalizados do ensino particular e cooperativo paga as quotas diretamente ao sindicato e não através do local de trabalho. Há aqui um clima de intimidação, designadamente ao nível do exercício de direitos sindicais", realçou.

Um dos professores despedidos, Pedro Brito, tornou-se delegado sindical do colégio em novembro de 2013 e, disse que, a partir daí, criou-se um "clima de conflitualidade".

"É extremamente difícil ser sindicalista numa instituição privada, mas foi um risco calculado e sabia das suas consequências. Era importante pôr termo a uma série de situações no colégio", salientou.

Professor de Comunicação e Multimédia há 13 anos no colégio, Pedro Brito lembrou que no final do ano letivo de 2012/13 foram despedidos cerca de 20 professores, sendo os horários distribuídos pelos restantes, sem lhes ser paga remuneração correspondente.

"Ficou um ambiente difícil e temíamos que tal voltasse a acontecer. Por isso, no ano letivo seguinte, pedimos esclarecimentos quanto a assuntos laborais e pedagógicos à direção do colégio, mas não tivemos resposta", afiançou.

Em dezembro de 2013, denunciaram à Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) problemas de comunicação institucional e de funcionamento dos laboratórios e avaliações intercalares.

Posteriormente, em janeiro de 2014, o SPN denunciou à Autoridades para as Condições de Trabalho (ACT) irregularidades nos horários e pagamentos a docentes, tendo sido aberta uma inspeção.

Meses depois, o delegado e vice-delegado sindical foram alvo de um processo de inquérito e de um processo disciplinar, tendo depois sido suspensos e despedidos.

Pedro Brito salientou que os alunos e encarregados de educação manifestaram aos professores despedidos solidariedade e confiança, disponibilizando-se para serem testemunhas nos processos disciplinares.

"Este despedimento teve por objetivo calar-nos", frisou.

O Colégio de Gaia é propriedade da Diocese do Porto e tem 1.400 alunos distribuídos pelo pré-escolar, ensino básico e secundário.

SYF // JGJ

Lusa/Fim

+ notícias: Norte

Capgemini de Gaia quer ter 'software' português a controlar carros autónomos

A Capgemini Engineering de Gaia, que lidera a agenda Route25 do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), quer demonstrar que "é possível ter 'software' português" a colocar um carro autónomo a funcionar, disseram à Lusa os responsáveis do projeto.

Prisão efetiva para homem acusado de milhares de crimes de pornografia de menores na Feira

Um homem de 28 anos foi condenado no Tribunal da Feira, no distrito de Aveiro, a quatro anos e 10 meses de prisão efetiva por deter e partilhar através da internet milhares de ficheiros de pornografia infantil.

Câmara de Braga e Igreja disputam posse do Parque da Ponte há mais de uma década

Há mais de dez anos que a Câmara de Braga e a arquidiocese disputam judicialmente a posse dos terremos do Parque da Ponte. De acordo com os tribunais de primeira e segunda instância, a razão está do lado da autarquia. Um acórdão do Tribunal Constitucional determinou, a 8 de fevereiro, que o Supremo Tribunal de Justiça poderá analisar o recurso da Igreja à sentença dada no Tribunal da Relação de Guimarães.