Barclays confirma fecho de mais de 60 balcões e corte de até 400 funcionários
Porto Canal
O Barclays vai fechar entre 60 a 70 agências e reduzir o quadro de pessoal entre 350 e 400 colaboradores até ao final do primeiro trimestre de 2015, revelou hoje o responsável pela área de retalho do banco em Portugal.
"O plano foi apresentado em Londres e recebeu 'luz verde'. A meta é termos entre 80 a 90 balcões no mercado português e isso implica a fusão de 60 a 70 balcões e o realinhamento do quadro de pessoal. Entre 350 e 400 colaboradores vão ser impactados", afirmou Claudio Corradini, num encontro com jornalistas em Lisboa.
O gestor italiano confirmou a informação avançada pela agência Lusa há cerca de uma semana, detalhando que o processo de redução dos trabalhadores estará operacional até ao final de outubro, passando por um programa de rescisões voluntárias, tal como já aconteceu em 2012 e 2013 (anos em que o banco cortou centenas de postos de trabalho e fechou mais de uma centena de balcões em Portugal).
"Contamos ter o plano fechado no final do primeiro trimestre de 2015", disse, assegurando que a redução de colaboradores vai ser feita "de forma justa".
O Barclays emprega atualmente 1.464 pessoas em Portugal na área de retalho e conta com 147 agências bancárias. As áreas de banca de investimento, 'corporate' [grandes empresas] e cartões de crédito (Barclayscard) não vão ser afetadas.
"O Barclays quer continuar a gerar valor a médio e longo prazo, pela via da inovação", salientou Corradini, que enfatizou o reposicionamento estratégico da entidade no mercado português - apontando ao segmento afluente - anunciado no início do ano.
Em maio, o presidente executivo do Barclays, Antony Jenkins, anunciou a revisão da estratégia do grupo, assumindo que a presença do banco no retalho em Portugal (tal como em Espanha, França e Itália) deixou de ser considerada estratégica.
"Em Portugal estamos num caminho diferente do seguido em Espanha, onde a operação está a ser vendida [ao CaixaBank, por 800 milhões de euros]", realçou Corradini, que é o responsável pelo retalho do Barclays nos dois países da Península Ibérica.
Segundo o gestor, "o objetivo é a operação portuguesa ser rentável em 2016", sendo que nessa altura será feito um ponto de situação.
Isto, se até lá não surgir um comprador interessado na operação de retalho que o banco britânico desenvolve no mercado português.
"A opção que tomámos é a que neste momento cria mais valor para o banco", considerou, por seu turno, Carlos Brandão, 'country manager' do Barclays para Portugal.
"O grupo deu-nos fundos suficientes para executar este plano", frisou, sem especificar os montantes envolvidos nesta nova etapa de redução da rede em Portugal.
O designado 'plano social' foi hoje apresentado aos trabalhadores e quadros de topo do Barclays em Portugal, seguindo-se a sua comunicação aos sindicatos e reguladores.
"Vamos ter uma dimensão inferior, mas vamos continuar a ter presença à escala nacional", vincou Carlos Brandão, assegurando que o banco pretende "manter presença nas principais cidades".
E acrescentou: "Não é um processo fácil, mas queremos continuar em Portugal. Queremos reter o talento ao mesmo tempo que redesenhamos a organização".
De acordo com o responsável, o foco na inovação (a par da sua escala internacional) é a arma do Barclays para manter motivados os trabalhadores que fiquem no banco.