Passos afirma que "aumentar salsicha educativa" não aumentou qualidade

| Política
Porto Canal

O primeiro-ministro defendeu hoje que é preciso alargar a rede do pré-escolar e considerou preocupante a menor procura de cursos superiores de áreas tecnológicas, num discurso em que contrapôs a "chamada salsicha educativa" à qualidade do ensino.

Pedro Passos Coelho assumiu estas posições numa cerimónia organizada pelo Conselho Superior de Educação para assinalar a abertura do ano escolar, durante a qual foi feita uma homenagem ao político e professor Adriano Moreira, antigo presidente do CDS.

Depois de comentar o relatório do Conselho Nacional de Educação divulgado no sábado sobre o estado da educação em Portugal, o primeiro-ministro concluiu: "Sabemos que ainda temos um caminho longo a percorrer, porque sabemos melhor do que ninguém que aumentar a chamada salsicha educativa não é a mesma coisa que ter um bom resultado educativo. Foi assim que no passado a generalização de novos graus de ensino não correspondeu a um salto qualitativo mais exigente no produto escolar".

"Temos muito mais alunos a frequentar o ensino básico e secundário, esperamos poder ter significativamente mais alunos a frequentar o ensino superior, mas é importante que o resultado final corresponda a uma melhoria da qualidade do ensino que é prestado", completou.

Antes, num comentário ao aumento do "esforço de universalização" do pré-escolar recomendado no referido relatório, Passos Coelho referiu que essa rede de ensino "adquiriu já uma dimensão muito significativa", através de protocolos com instituições particulares e de investimento direto do Estado.

"Na verdade, esse esforço tem de ser mais alargado ainda", defendeu, depois, o chefe do executivo PSD/CDS-PP, argumentando que a "falta de condições que é oferecida sobretudo aos jovens casais" a esse nível está associada ao "declínio demográfico" português.

No que respeita ao ensino superior, Passos Coelho manifestou-se preocupado com o "fenómeno" da "progressiva menor procura de cursos de base tecnológica".

O primeiro-ministro disse temer "um desvio que seja difícil de colmatar" e que ponha em causa a "estratégia de crescer através do valor e não da contenção de custos".

Passos Coelho falou também da "formação inicial de professores", advogando uma "formação com qualidade maior do que a tradicionalmente exigida".

No seu discurso, que durou perto de meia hora, o primeiro-ministro criticou as reformas educativas de "há muitos anos atrás", incluindo as que se aplicaram à sua geração: "As escolas, os professores, os estudantes eram assim uma espécie de cobaias dos grandes sistemas reflexivos que conduziam a políticas importantes de reforma que tinham de ser executadas de tal forma que todo o edifício tinha de ser mexido e alterado".

"Julgo que hoje sabemos bem que temos de ter um largo consenso sobre os aspetos mais estruturantes do sistema educativo, que não pode evidentemente andar aos solavancos a cada impulso reformista de cada Governo que passa. Mas cada Governo que passa tem a obrigação de executar uma parte dessas orientações e dessa reforma que não condenem o resultado educativo a uma longa e duvidosa espera pelo resultado ambicionado", acrescentou.

Relativamente à política de educação do atual Governo, Passos Coelho sustentou que "os resultados apontam méritos importantes" ao caminho percorrido.

No início da sua intervenção, o primeiro-ministro elogiou Adriano Moreira, que esteve presente nesta cerimónia, na sede do Conselho Nacional de Educação, em Lisboa.

"Independentemente de todas as diferenças que possam existir na nossa livre opinião ou pensamento, cada um não deixará seguramente de se sentir mais rico por ter lido, ouvido ou convivido com a sua palavra, o seu pensamento e a sua sabedoria", afirmou Passos Coelho.

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