Costa e Rio defendem renegociação do memorando
Porto Canal
Os presidentes das câmaras de Lisboa e do Porto defenderam hoje que um governo de salvação nacional tem de passar pela renegociação do memorando da ´troika´.
"A prioridade política é a renegociação do memorando", defendeu António Costa, em reação a declaração do Presidente da República (PR) na quarta-feira.
Também o autarca do Porto, Rui Rio, concordou com essa prioridade.
"Quanto à renegociação do memorando, eu concordo com António Costa. É uma questão de inteligência para os próprios credores", afirmou Rui Rio.
Os dois autarcas falavam num debate conjunto durante a conferência "A política, os políticos e a gestão dos dinheiros públicos", que hoje se realiza na Universidade Católica de Lisboa, reagindo à proposta de compromisso de salvação nacional feita pelo Presidente da República na quarta-feira à noite.
António Costa (PS) considerou a mensagem de Cavaco Silva "hermética" e que "não deu resposta à estabilização da vida política".
O autarca de Lisboa afirmou que "o problema de fundo" é o memorando da troika que "falhou" e o reflexo disso foi a demissão de Vítor Gaspar e Paulo Portas, disse.
Sobre um acordo partidário, Costa considerou que "nem aqueles três partidos, nem todos" chegam para assumir um compromisso, sugerindo que se reúna também a concertação social.
Já o presidente da Câmara do Porto (PSD), Rui Rio, elogiou a decisão de Cavaco Silva, considerando a palavra "salvação" como a mais adequada para a atual situação, uma vez que, sustentou, "o poder político atual está totalmente desacreditado".
"O Presidente da República soube bem interpretar o sentimento nacional. Já devia ter sido feito há dois anos", afirmou Rui Rio, sublinhando que os partidos "têm obrigação de colocar o interesse nacional acima de tudo".
Contudo, Rio considerou a decisão de Cavaco Silva como uma "jogada de risco".
"Temo que os partidos, que estão tão desacreditados, não sejam capazes de se entender", sustentou.
Por isso, acrescentou, o autarca do Porto considerou que Cavaco deu "uma oportunidade única" aos partidos políticos para se credibilizarem junto da opinião pública.
No final do debate, em declarações aos jornalistas, António Costa reforçou a importância de perceber "para que serve" um acordo partidário.
"Se este acordo não responder à urgência do problema de fundo deste país, que é a renegociação do memorando, não vejo como é que este acordo possa ser útil. Antes de saber quem é o mediador é preciso de saber quem é o acordo", disse.
O autarca de Lisboa considerou a proposta de Cavaco Silva "manifestamente insuficiente" por não incluir a renegociação do memorando.
Rui Rio reiterou a importância do entendimento entre partidos e defendeu que o mediador deve ser alguém fora dos partidos, excluindo-se, por isso, dessa função.