Novo Banco: BE critica "irresponsabilidade" e defende controlo pelo Estado
Porto Canal / Agências
Porto, 13 set (Lusa) -- A coordenadora do BE, Catarina Martins, alertou hoje para o "amadorismo atroz" e a "irresponsabilidade" da eventual saída da equipa de Vítor Bento do Novo Banco, defendendo que a instituição, que recebeu dinheiro público, deve ser controlada pelo Estado.
"Não deixa de espantar [a eventual saída da equipa de Vítor Bento], porque parece de um amadorismo atroz. Não se compreende a irresponsabilidade de quem pôs em causa mais de 4 mil milhões de euros do erário publico e não se tenha acertado sequer sobre a venda ou o timing da venda [do banco]", criticou a líder do BE, no Porto, à margem de uma conferência de imprensa sobre o Bairro do Aleixo.
Para Catarina Martins, "não saem bem da fotografia nem o Banco de Portugal, nem o Presidente da República, nem Vítor Bento, nem o Governo", que na sua perspetiva pretende "limpar" o banco com dinheiro público para o "vender a preço de saldo a privados".
"A história do BPN é precisamente essa. Limpou-se o banco com dinheiro público e depois vendeu-se a preço de saldo a privados. O que o Governo quer fazer [com o Novo Banco] é exatamente o mesmo. Isso não é aceitável", frisou.
O Expresso avançou na sua edição de hoje que a administração do Novo Banco está de saída e, citando "fontes políticas", que o Banco de Portugal (BdP) já estará a procurar substitutos para os administradores.
A saída do presidente do Novo Banco, Vítor Bento, do vice-presidente, José Honório, e do administrador financeiro, João Moreira Rato, é atribuída pelo semanário à rejeição pelo banco central da estratégia de longo prazo que apresentaram.
De acordo com o jornal, o governador do BdP quer vender o Novo Banco o mais rápido possível e diretamente a uma outra instituição bancária, enquanto Vítor Bento e a restante equipa defendem um projeto a médio prazo e com dispersão de capital em bolsa.
No dia 03 de agosto, o BdP tomou o controlo do BES, depois de o banco ter apresentado prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades distintas.
No chamado banco mau ('bad bank'), um veículo que mantém o nome BES mas que está em liquidação, ficaram concentrados os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas.
No 'banco bom', o banco de transição que foi chamado de Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos.
ACG (ICO/DN/RN) // JLG
Lusa/fim