Ordem Engenheiros Norte sugere que Projeto do TGV abdique de ponte rodoviária no Douro
Porto Canal/Agências
O presidente da Ordem dos Engenheiros – Região Norte, Bento Aires, sugeriu esta sexta-feira que se abdique da travessia rodoviária sobre o rio Douro prevista no âmbito da linha de alta velocidade Porto - Lisboa, alertando para a urgência de o projeto avançar.
"Eu assumo claramente que naquela localização, e a separarmos a ponte ferroviária da ponte rodoviária, não deve ser o local onde se construa a ponte rodoviária entre Porto e Gaia", disse esta sexta-feira Bento Aires aos jornalistas, na sede da secção Norte da Ordem dos Engenheiros.
O responsável falava esta sexta-feira após uma apresentação da proposta do consórcio AVAN Norte (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto) para o traçado da linha de alta velocidade entre Porto e Oiã, que implica a construção de uma travessia rodoferroviária entre Porto e Gaia, mas que o consórcio quer separar em duas travessias.
"Se nós que estamos aqui todos os dias no Grande Porto, se olharmos para necessidades de ponte rodoviária, seguramente que encontramos mais meia dúzia de locais em que uma ponte rodoviária é mais importante do que aquela ponte ali no Freixo", considerou.
Para Bento Aires, quanto ao projeto da alta velocidade, "o importante é que se faça".
"Não podemos perder a oportunidade de estarmos aqui com questões mais domésticas da Área Metropolitana, a discutir qual é que é a localização, ou qual é que é a estação que é maior, qual é que é a estação que é mais pequena", vincou, pois "há um imperativo nacional que se deve sobrepor a todas estas questões".
Questionado sobre se há o risco de o projeto não avançar, o responsável disse esperar "que seja inevitável que o projeto vá acontecer porque isso [não se realizar] seria uma perda enorme para o país".
"Não quero chegar ao ponto de admitir que vamos andar para trás. Já vimos isso no passado, já conhecemos encarnações de outros projetos, como o aeroporto de Lisboa, que também abdicaram num ponto em que já estavam nesta fase. Agora, nós não podemos abdicar de executar esta oportunidade de executarmos esta infraestrutura", assinalou.
Em causa está o facto de o consórcio ter assinado, em 29 de julho, um contrato de concessão que prevê a estação de Gaia em Santo Ovídio, prevista desde 2022 e com ligação a duas linhas de metro, mas apresentado, em outubro, uma proposta para uma estação em Vilar do Paraíso e duas pontes separadas em vez de uma rodoferroviária sobre o Douro.
O traçado também foi alterado, tendo agora menos componente em túnel (6,3 quilómetros) do que estava previsto no Estudo Prévio (11,4), o que causa impactos à superfície, com 136 demolições previstas em Vila Nova de Gaia e no Porto, das quais 109 habitações e 27 empresas, contabilizou a Lusa.
A consulta pública do Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) do troço Porto-Oiã da linha de alta velocidade, que gerou polémica por causa das alterações propostas, terminou com 259 participações.
O Banco Europeu de Investimento afirmou à Lusa em setembro que financiou a linha de alta velocidade baseando-se na proposta que cumpre as especificações do concurso público.
A primeira fase (Porto-Soure) da linha de alta velocidade em Portugal deverá estar pronta em 2030, estando previsto que a segunda fase (Soure-Carregado) se complete em 2032, com ligação a Lisboa assegurada via Linha do Norte.
Já a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), prevista para 2032, terá estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo).
