ADN entra em hotel devoluto no Porto onde vivem imigrantes sem condições
Porto Canal/Agências
O candidato do ADN à Câmara do Porto, Frederico Duarte Carvalho, entrou esta sexta-feira no antigo Hotel Nave, imóvel devoluto e vandalizado no centro do Porto, para denunciar que ali vivem cerca de 60 imigrantes sem condições de salubridade.
O candidato do ADN (Alternativa Democrática Nacional), Frederico Duarte Carvalho, entrou esta tarde no Hotel Nave, no Bonfim, por uma pequena claraboia partida e acedeu através de uma cadeira e ferros à unidade hoteleira, que é composta por 81 quartos, e que estão atualmente vandalizados e ocupados por dezenas de imigrantes que vivem sem água e sem eletricidade.
“Foi-nos dito que 60 pessoas podem viver aqui. Há capacidade para 81 quartos. Nós vimos alguns dos quartos onde as pessoas vivem e são condições com cheiros a urina, não há qualquer indicação da salubridade, o chão está destruído, há garrafões com urina. Pensei que fosse encontrar uma comunidade minimamente organizada, mas não. (…) Não há condições de habitabilidade, as pessoas vivem aqui como animais (…). Do outro lado da rua há um hotel de luxo com vista para o antigo hotel Nave”, descreveu o candidato do ADN, em declarações à Lusa depois da visita àquela antiga unidade hoteleira.
Questionado pela agência Lusa sobre qual seria a primeira medida que tomaria caso fosse eleito, Frederico Duarte Carvalho disse que, em relação à imigração, e em especial ao caso real do antigo Hotel Nave, iria de imediato “identificar as pessoas” que sobrevivem naquele imóvel devoluto, bem como iria “saber quais são as necessidades que têm”, tentando, dentro de “uma política social de habitação”, “acabar com este tipo de fenómenos”.
“Abrimos as portas e agora temos um problema grave para quem entrou (…). É uma crítica ao PS, e ao PSD que faz acordos com o PS para manter tudo na mesma. Parece que as coisas mudam, mas depois, ao fim e ao cabo, mantém-se tudo na mesma. E é uma crítica contra todas as políticas sociais dos últimos 50 anos que estão agora a ficar podres e esta podridão começa a emergir por estas claraboias”.
Nesta ação do ADN, o candidato à Câmara do Porto contou com a companhia da candidata presidencial do ADN, Joana Amaral Dias, que lançou em junho a sua corrida a Belém.
Em declarações à Lusa, Joana Amaral Dias, que também fez questão de entrar no hotel devoluto no centro do Porto, disse que viu camas sujas, onde as dezenas de imigrantes dormem, sacos de lixo, garrafas com urina, e que sentiu um cheiro intenso a urina, denunciando que a cidade está perante um “problema gigante de saúde pública”.
“É um problema colossal de saúde social, porque estamos em frente a hotéis de luxo do outro lado [da rua], moradores que devem viver altamente incomodados com o que se passa aqui e temos uma lixeira de portas”.
Joana Amaral Doas também entrou no hotel devoluto porque queria ver com os seus próprios olhos o que está dentro do antigo Hotel Nave.
“O que vi é muito pior que qualquer pesadelo, porque as pessoas têm de fazer fezes e urina ali dentro, comem lá dentro, tentam lavar-se lá dentro. O cheiro é fétido, é intolerável. E eu pergunto: mas é isto que pretendem as pessoas que defendem estas políticas de imigração. Estas lixeiras no centro da cidade?”.
Concorrem à Câmara do Porto Manuel Pizarro (PS), Diana Ferreira (CDU - coligação PCP/PEV), Nuno Cardoso (Porto Primeiro - coligação NC/PPM), Pedro Duarte (coligação PSD/CDS-PP/IL), Sérgio Aires (BE), o atual vice-presidente Filipe Araújo (Fazer à Porto - independente), Guilherme Alexandre Jorge (Volt), Hélder Sousa (Livre), Miguel Corte-Real (Chega), Frederico Duarte Carvalho (ADN), Maria Amélia Costa (PTP) e Luís Tinoco Azevedo (PLS).
O atual executivo é composto por uma maioria de seis eleitos do movimento de Rui Moreira e uma vereadora independente, sendo os restantes dois eleitos do PS, dois do PSD, um da CDU e um do BE.
As eleições autárquicas ocorrem este domingo.
