Carrinha retirou droga das ruas do Porto com mais de 860 consumos vigiados

Carrinha retirou droga das ruas do Porto com mais de 860 consumos vigiados
Foto: Inês Saldanha | Porto Canal
| Porto
João Nogueira

Desde fevereiro de 2025, o Porto conta com uma unidade móvel de consumo assistido de droga que já realizou 860 consumos, sobretudo de substâncias como a cocaína e a heroína. O projeto atua nas zonas Oriental e Central da cidade, tendo como público-alvo pessoas utilizadoras de substâncias psicoativas. Na maioria são homens, entre os 40 e os 55 anos, em situação de sem-abrigo.

Ao longo dos primeiros oito meses de atividade, não restam dúvidas do impacto que a carrinha de consumo assistido de droga teve na cidade do Porto. Foram mais de 800 consumos vigiados.

Durante este período foram distribuídos cerca de quatro mil kits para consumo endovenoso e mais de 4.700 folhas de prata para consumo fumado. No total, 516 utilizadores foram admitidos nos serviços da equipa e atualmente realizam-se, em média, cerca de 200 atendimentos por mês.

 
 
 
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A carrinha foi um investimento correspondente à segunda fase do Programa de Consumo Vigiado do Município do Porto, do qual faz parte a unidade de consumo amovível junto ao Bairro da Pasteleira.

O equipamento permite consumos endovenosos no interior, com capacidade para dois utilizadores em simultâneo. “Consideramos que essa é a forma mais adequada e mais indicada para receber a pessoa, mas a pessoa tem sempre a opção de escolha, se quiser consumir sozinha, também o pode fazer”, explicou ao Porto Canal a coordenadora da unidade, Nicole Vieira Saraiva.

Zona da Sé do Porto regista maior afluência

A zona central da cidade, próxima da Sé, regista uma maior incidência de consumos. Segundo Nicole Saraiva, os números justificam-se por ser uma área com maior movimento: “Aqui, pela afluência turística e pela quantidade de pessoas que aqui estão, o utilizador consegue fazer muito mais dinheiro e acaba por concentrar o seu dia-a-dia nesta zona. É normal que os consumos se intensifiquem mais aqui do que na zona do Cerco (onde também circula a carrinha), que é mais uma zona de passagem, de compra e saída”.

Constrangimentos devido aos consumos fumados

Apesar do impacto positivo, a ausência de condições para o consumo fumado na unidade móvel representa um constrangimento, admitiu a coordenadora. Essa chegou a ser mesmo uma das críticas levantadas aquando do desenvolvimento do projeto, uma vez que na sala da Pasteleira predominam os consumos fumados e um modelo móvel, como a carrinha, nunca os poderia permitir.

“Nós não temos consumo fumado aqui na unidade móvel porque não temos equipamento para isso, como a sala de consumo tem. Isto sendo unidade móvel, só está mesmo preparada para o consumo endovenoso. É um constrangimento, tendo em conta que a maioria é consumidor fumado. O consumo endovenoso tem vindo a diminuir e ainda bem. Grande parte dos nossos utilizadores são utilizadores por via fumada e eles realmente reclamam essa falta de espaço para fazer o seu consumo.”

Para Nicole Saraiva, o impacto do projeto é evidente na redução do consumo em espaços públicos: “Sentimos que estamos a contribuir para o combate do consumo na via pública, esse é o grande objetivo, e os números falam por si. 860 consumos que já foram realizados dentro desta unidade móvel foram 860 consumos que deixaram de ser feitos na via pública. Isso é uma mais-valia.”

Utentes de concelhos vizinhos

Ainda assim, reconhece que há espaço para expandir a resposta, até pelo facto de vários utentes serem oriundos de concelhos vizinhos. “Não sei se existe diálogo e alguma perspetiva de haver mais locais com este serviço. O que posso dizer é que realmente nós atendemos diariamente utilizadores, quer naturais do Porto, quer de áreas periféricas. Embora a maioria seja do Porto, temos muitos utilizadores que vêm das periferias de fora, sim. Quer estrangeiros, quer de Gaia, quer de Gondomar, quer de Penafiel. Recebemos essas pessoas todas, porque esta resposta também lhes é dirigida.”

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