Iniciativa Cívica quer recuperar a "memória colonial" do Palácio de Cristal

Iniciativa Cívica quer recuperar a "memória colonial" do Palácio de Cristal
Foto: Universidade do Porto
| Porto
Inês Saldanha

Estudantes, professores e portuenses juntam-se em Iniciativa Cívica pela Memória Colonial do Palácio de Cristal para "combater a amnésia em torno da Primeira Exposição Colonial Portuguesa, realizada no espaço em 1934".

“O Manifesto da Iniciativa Cívica pela Memória Colonial do Palácio (ICMCP) surge da necessidade de combater a amnésia em torno da Primeira Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto, em 1934, nos jardins do Palácio de Cristal”, refere o porta-voz da iniciativa, Simão Leal.

Segundo o manifesto, os jardins do Palácio de Cristal acolheram “um zoo humano onde centenas de pessoas tinham sido exibidas em reproduções de aldeias “indígenas”, espalhadas por todo o recinto”.

“Percebemos que a falta de uma divulgação mais ampla sobre a Exposição se traduziu no desconhecimento quase total do evento – uma experiência paradoxal se pensarmos que os jardins receberam mais de 1.300.000 visitantes no decorrer da Exposição”, explica.

Questionado sobre os objetivos do manifesto “Pelo dever de recordar”, que está assinado por “nomes de diversas áreas da produção científica do conhecimento, ativistas antirracistas e associações de núcleos de estudantes de todo o país”, Simão Leal esclarece que a ICMCP visa “que seja reconhecida a violência colonial e o racismo que marcaram aquele lugar”.

“Nesta fase inicial, a ICMCP procura, acima de tudo, abrir à sociedade civil o debate sobre os significados da Primeira Exposição Colonial Portuguesa”, reitera.

O movimento objetiva ainda a colocação de uma placa permanente nos jardins do Palácio de Cristal, de forma a “invocar a realização da Primeira Exposição Colonial Portuguesa naquele lugar, o contexto e os objetivos ideológicos da mesma e uma descrição das condições desumanizantes que os 324 indivíduos trazidos dos espaços coloniais conheceram”.

“A instalação [da placa] deverá ser custeada pela Câmara Municipal do Porto. Nuns jardins que já contam com outras placas memorialísticas (e monumentos), a ICMCP considera que a colocação desta placa é o ponto indispensável no que toca a visibilizar a experiência das pessoas envolvidas na Exposição”, considera.

A ICMCP compromete-se a “dinamizar visitas de estudo, debates abertos e diálogos permanentes com a sociedade civil”, para além da “publicação de vídeos de divulgação histórica nas redes sociais” da iniciativa.

O movimento que conta com o apoio das historiadoras Ana Lucia Araujo, Isabel Castro Henriques e da escritora Françoise Vèrges, apela ao envolvimento da Câmara Municipal do Porto e à assinatura dos portuenses para que consigam levar à Assembleia Municipal do Porto.

+ notícias: Porto

Imagens que marcaram o ano trazem o mundo à cidade da Maia

O Fórum da Maia inaugura, esta quinta-feira, às 21h30, a exposição World Press Photo 2025, que poderá ser visitada até 3 de dezembro, de terça a domingo, entre as 10h00 e as 22h00.

Incêndio em colégio no Porto já está extinto

O incêndio que deflagrou ao início da tarde de deste domingo no Colégio Flori, no Porto, "já está extinto" e em fase de rescaldo e ventilação, adiantaram ao Porto Canal as autoridades.

Last Folio: as duras memórias do Holocausto 

O Museu e Igreja da Misericórdia do Porto acolhem a exposição internacional LAST FOLIO acompanhada por um documentário, que mostra as memórias do Holocausto. A exposição do fotógrafo Yuri Dojc e da cineasta Katya Krausova, pode ser visitada até novembro.