Presidente da Federação Académica do Porto "envergonhado" com audições no parlamento
Porto Canal/Agências
O presidente da Federação Académica do Porto (FAP), Francisco Fernandes, disse esta terça-feira sentir-se “envergonhado" e "embaraçado" com as audições parlamentares do reitor da Universidade do Porto e do diretor da Faculdade de Medicina.
“Enquanto representante dos estudantes da Universidade do Porto sinto-me envergonhado, embaraçado, por toda esta situação e devo dizer às famílias que as duas audições não representam a generalidade da Universidade do Porto”, declarou Francisco Fernandes, também numa audição na comissão parlamentar de Educação e Ciência que decorreu esta tarde na Assembleia da República.
Francisco Fernandes criticou ainda o facto de ter sido impedido de participar no último Senado Académico que se reuniu a 17 de setembro para ouvir a Reitoria e a direção da Faculdade de Medicina sobre o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina.
"Fui impedido de assistir a este Senado Académico porque uma senhora diretora não o quis. Impedido de assistir a este Senado Académico porque diziam que eu também representava o Politécnico, uma coisa que é chocante, porque no mesmo dia às 15h00 eu estava a representar os estudantes da Universidade do Porto numa festa, mas para clarificar tudo já não era representante dos estudantes".
O Senado Académico é constituído pelo reitor da universidade, que preside, pelo vice-reitor, por membros dos Conselhos de Representantes das Unidades Orgânicas, por diretores das Unidades Orgânicas, por diretores dos Serviços Autónomos, por representantes dos Conselhos Pedagógicos das Unidades Orgânicas, por representantes das Associações de Estudantes das Unidades Orgânicas e por um representante da Comissão de Trabalhadores da Universidade do Porto (U.Porto).
O reitor da Universidade do Porto denunciou durante a audição parlamentar que recebeu ameaças físicas contra ele e contra a família, relacionadas com o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina.
A 5 de setembro, numa notícia avançada pelo jornal Expresso, o reitor denunciou ter recebido pressões de várias pessoas para deixar entrar na Faculdade de Medicina 30 candidatos que não tinham obtido a classificação mínima de 14 valores na prova exigida no concurso especial de acesso.
O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), assumiu, por seu turno, que houve um “lapso” do vogal do Conselho Executivo que colocou a palavra “homologado” em vez de “retificado” sobre o concurso especial de acesso ao curso de Medicina.
A Federação Académica do Porto exigiu logo no dia 5 de setembro um “inquérito interno” para apurar o porquê de o diretor da FMUP ter informado 30 candidatos da entrada em Medicina sem autorização do reitor.
Francisco Fernandes voltou a lamentar que sem a autorização do reitor tenha havido 30 pessoas a receber um e-mail da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto a dizer que tinham entrado na Licenciatura de Medicina e argumentou que as “regras não podem mudar a meio do jogo”.
Os candidatos ao concurso especial de acesso ao Mestrado Integrado em Medicina da U.Porto manifestaram-se lesados pela universidade, referindo que mudaram de cidade, abandonaram empregos de anos, investiram em imóveis e desistiram de mestrados.
A 18 de setembro, a Procuradoria-Geral da República confirmou à Lusa que existe um inquérito a correr no Ministério Público relacionado com o caso dos 30 candidatos ao curso de Medicina na U. Porto.
