Socialistas e sociais-democratas alternam no terceiro maior município do país
Porto Canal/Agências
O terceiro maior concelho do país é governado há 12 anos pelo PS que conquistou Vila Nova de Gaia após 16 anos de liderança do social-democrata Luís Filipe Menezes, “histórico” autarca que agora regressa à corrida numa coligação PSD/CDS-PP/IL.
São oito os candidatos às eleições autárquicas de 12 de outubro em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto: João Paulo Correia (PS), Luís Filipe Menezes (PSD/CDS-PP/IL), André Araújo (CDU), Daniel Gaio (Volt), João Martins (BE/Livre), Rui Sequeira (ADN), António Barbosa (Chega) e Catarina Costa (Partido Liberal Social).
Governado durante quase três mandatos (2013, 2017 e 2021) completos pelo docente universitário Eduardo Vítor Rodrigues (PS), Gaia não foi durante 16 anos um município socialista.
Eduardo Vítor Rodrigues, que saiu a 30 de junho após renúncia ao mandado na sequência de condenações judiciais por peculato e uso indevido, sucedeu, em 2013, ao antigo líder do PSD, Luís Filipe Menezes que agora volta a candidatar-se a Gaia depois de ter tentado o Porto, também em 2013, autarquia que perdeu para o independente Rui Moreira. Menezes esteve 16 anos à frente da Câmara Municipal de Gaia, considerada a terceira maior autarquia do país. O médico foi eleito em 1997 e reeleito depois em 2001, 2005 e 2009.
Antes dele, tanto o PS como o PSD ou coligações associadas à Direita foram rodando no poder em Gaia, nomeadamente com Heitor Carvalheiras, que liderou a autarquia entre 1990 e 1998, depois de ter sido vereador de 1983 a 1990 e sucedeu a Mário Pinto Simões, ex-militar associado ao corte da emissão da RTP no 25 de novembro de 1975, que liderou Gaia com as cores do PSD entre 1986 e 1990, altura em que a AD (Aliança Democrática que juntava PSD, CDS-PP e PPM) e Hermenegildo Tavares deixaram a autarquia.
Com 311.223 habitantes (em 2023) e 168,46 quilómetros quadrados de área, Vila Nova de Gaia é o terceiro município mais populoso do país, sucedendo a Lisboa e Sintra e o mais populoso da região Norte.
Atualmente, a Câmara Municipal é liderada por Marina Mendes que assumiu a presidência a 30 de junho após a renúncia de mandado de Eduardo Vítor Rodrigues, ela que era vice-presidente desde maio de 2023 quando o então vice, Patrocínio Azevedo, foi associado ao processo judicial ‘Babel’.
O ex-autarca chegou a estar em prisão preventiva entre maio de 2023 e abril de 2025 no âmbito de uma operação relacionada com a alegada viciação e violação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanísticos em Vila Nova de Gaia.
Outro dos casos mais polémicos recentes culminou na condenação a perda de mandato de Eduardo Vítor Rodrigues por peculato de uso. A acusação do Ministério Público (MP) sustentava que os arguidos (o autarca e a mulher) “decidiram usar, como se fosse seu”, um veículo elétrico adquirido em regime de locação financeira por empresa municipal.
Num concelho conhecido internacionalmente pelas suas empresas de vinhos do Porto e do Douro, também a indústria automóvel, a vidreira e a de componentes eletrónicos são marcas da economia local.
O executivo municipal é composto por 11 lugares, tendo o PS nove e o PSD dois. A Assembleia Municipal de Vila Nova de Gaia é presidida pelo socialista Albino Almeida que é também presidente da Associação Nacional de Assembleias Municipais. O PS lidera a Assembleia Municipal com maioria, tendo 16 deputados, aos quais se soma o Grupo Municipal de Presidentes de Junta de Freguesia do Partido Socialista com 15 elementos. Já o PSD tem cinco deputados, o CDS-PP, CDU e Bloco de Esquerda dois cada, enquanto Chega, PAN e IL um cada.
