Quatro anos, quatro patas. Plataforma em Gaia já foi a casa de milhares de animais

João Nogueira
Há pouco mais de duas semanas, a equipa da Plataforma de Acolhimento e Tratamento Animal (PATA) de Gaia sorria de orelha a orelha após verem o Dourado a ser levado por uma nova família, após ter vivido dez anos naquela casa. O Dourado foi um entre os milhares de “amigos de quatro patas” a quem foi garantido uma nova vida, numa nova família. Tudo graças à PATA que impulsiona estes laços numa nova sede há quatro anos.
Hoje, mais de 160 cães e 30 gatos vivem temporariamente nas instalações da PATA em Gaia, que representam para muitos o primeiro passo rumo a uma nova vida. A plataforma municipal abriu as novas portas há quatro anos e, apesar do cuidado de milhares de animais, as instalações já rebentam as costuras.
“Desde há quatro anos para cá alterou imenso. Temos uma área bastante extensa, temos muito mais alojamento, quer para cães, quer para gatos.”, explicou a médica veterinária Daniela Barbosa, garantindo que também as equipas passaram a ser maiores: três médicos veterinários, dois enfermeiros e ao todo cerca de 20 pessoas, com tratadores e a parte administrativa.”
Foi um abrigo que evoluiu, mas que ainda assim continua cheio. “Estamos sempre aqui, no nosso limite, tal como outros canis municipais. (...) É uma tarefa diária bastante dificultada. (...) Temos neste momento 60 jaulas de alojamento”, explicou a médica. Em cada uma delas, estão cerca de três cães. Os gatos dividem uma fração estilo “T2”, numa sala onde são cerca de 30.
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
Mesmo com a mudança de casa, a missão e prioridade da PATA mantém-se, em resgatar e proteger “animais que estão feridos na via pública e que vítimas de maus tratos”. Uma tendência crescente, lamentou Daniela Barbosa.
O processo de adoção na PATA é simples, mas cada vez mais cuidado. Daniela explicou que, desde o início deste ano, foram implementadas as chamadas visitas para adoção. “No momento em que a pessoa vem cá, nós fazemos algumas questões (...) para perceber as rotinas e encontrar um animal para fazer o match perfeito.”
No entanto, nem sempre tudo corre como planeado: “Muitas vezes fazem ou tentam fazer uma devolução ainda durante o período de adaptação (...) outras pessoas fazem passado mesmo meses, porque ‘afinal, o cão cresceu muito’ ou ‘tem muita energia’.
Foto: Pedro Benjamim |Porto Canal
A solução não é aumentar as instalações, reiterou a médica: “É uma ajuda, não vou mentir. No entanto, não é uma solução. A solução passa mesmo por sensibilizar as pessoas, a fiscalização também, a esterilização dos animais para evitar ninhadas indesejavéis.”
Animais esperam anos por um lar
Há animais que passam anos à espera. Como o Dourado, que esteve na PATA quase uma década. “Entrou cá com um ano e pouco (...) ficou dez.” Ou o Kiwi, o “gatinho carismático” que se tornou mascote da equipa veterinária até ser adotado: “Foi adotado e nós ficámos extremamente felizes”.
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
Mas que depois acabou por ser devolvido depois da família alegar que o mesmo “miava muito”.
Patrícia Teixeira adotou duas gatinhas na PATA e recorda a experiência com entusiasmo, aconselhando mesmo os mais próximos a adotarem: “Eu digo para vir cá. Tenho montes de opções de escolha. Infelizmente temos muitos, entre gatinhos e cães.”
A decisão foi motivada por perdas anteriores, explicou: “Adotei o primeiro gatinho quando faleceu uma das minhas primeiras gatas idosas. (...) Passados dois meses a outra gatinha faleceu. (...) Então quando vim cá para esterilizar o meu gatinho, levei a outra gata.”
“Eu recomendo sempre, sempre, sempre. Por causa do processo ser fácil, por ter muita opção, por causa das condições também serem muito boas”, sublinhou a cuidadora.
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal