Rui Moreira sobre solução da VCI: “Por cada pesado que sai, ficamos com uma capacidade para sete carros”

João Nogueira
“É um dia muito importante, porque já ouvíamos isto há muito tempo”, disse Rui Moreira à margem da reunião da Área Metropolitana do Porto que, esta quinta-feira, determinou um consenso para o alívio do tráfego na Via de Cintura Interna (VCI). A partir de janeiro as portagens serão gratuitas para o transporte de mercadorias na CREP.
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"Esta é uma medida fundamental", constatou o autarca sobre a medida anunciada esta quinta-feira.
Segundo o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, que também esteve presente na reunião, a redução “drástica” das tarifas das portagens vai provocar uma mudança do tráfego para a CREP. A expetativa é que a medida possa reduzir entre 16% e 20% do tráfego atual de veículos pesados naquela via.
Brevemente vai ser criado um grupo de trabalho que vai limar e trabalhar as medidas ao pormenor. Rui Moreira alertou que, por exemplo, há uma grande necessidade de ser feita uma análise de custo-benefício: “Vale a pena aplicar a medida a todas as horas do dia ou apenas em determinados momentos? Devemos fazer medições detalhadas para garantir que o impacto é positivo para o interesse público”.
De fora vão ficar os veículos pesados de passageiros, reiterou Rui Moreira: Não pode influenciar o transporte de passageiros, porque isso também envolve aspetos essenciais para a mobilidade urbana. A gratuitidade das portagens deve ser aplicada apenas aos veículos pesados, e a questão da aplicação durante determinadas horas do dia também precisa ser cuidadosamente analisada
Sobre as críticas de que a retirada de que a medida possa ser insuficiente, o autarca portuense sublinhou que “não é verdade”, uma vez que o espaço ocupado por um pesado é “sete vezes superior ao de um veículo pessoal”.
"Ao analisarmos o tráfego vemos que, embora a VCI tenha 110 mil veículos ligeiros e 10 mil pesados, muitas vezes dizem que retirar os pesados não faz sentido, porque representam apenas 10%. Isso não é verdade, pois o impacto de um pesado é superior ao de um veículo individual". "Por cada pesado que sai nós ficamos com uma capacidade instalada de cerca de sete", concluiu.
Quanto à possibilidade de portajar a VCI no futuro, Moreira reiterou que tal já não sera feito no seu mandato, mas que vão haver cada vez mais inibições ao transporte individual no acesso ao Porto: "Eu gosto muito da liberdade individual, mas as pessoas precisam entender que, se quiserem usar determinado espaço, têm que pagar por isso, assim como pagam pela eletricidade no Tesla ou pelo estacionamento."