Norte de Portugal vai investir 1,5 milhões de euros em sistema de remuneração de créditos de carbono

Porto Canal/ Agências
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte vai investir 1,5 milhões de euros no desenvolvimento de um sistema de certificação que permita remunerar proprietários e produtores rurais pela conservação do carbono armazenado nas florestas e solos.
O investimento de 1,5 milhões de euros para os próximos três anos insere-se no âmbito de um protocolo de cooperação assinado com o estado brasileiro de Rondónia e que visa o desenvolvimento de uma metodologia de medição de sequestro de carbono com recurso a tecnologia satélite, revelou esta quinta-feira a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Segundo comunicado da CCDR-N, o projeto, que conta com a coordenação técnica do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento, tem como objetivo contribuir para a certificação internacional de carbono e será apresentado na COP30, que terá lugar este ano em Belém, estado do Pará, no Brasil.
A assinatura do acordo decorreu em Porto Velho, capital de Rondónia, cerca de um ano depois da formalização de um protocolo de intenção entre as partes com o objetivo de “criar um modelo de certificação rastreável e robusto para a valorização dos créditos de carbono”.
Os créditos de carbono são gerados por atividades que reduzem as emissões de gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento global, como a plantação de árvores, a proteção de habitats ou a substituição de carvão poluente por energia solar ou eólica.
Um crédito equivale a uma tonelada de dióxido de carbono que se evita que entre ou seja eliminada da atmosfera.
No norte de Portugal, a metodologia será testada em áreas-piloto como o Parque Natural da Peneda-Gerês, o Douro Vinhateiro e as Terras Quentes de Trás-os-Montes, representando diferentes tipologias de território, incluindo aqueles onde os baixos rendimentos têm levado à perda de população.
Para a CCDR-N, este protocolo, assinado no âmbito do Programa Regional de Ordenamento do Território do Norte (PROT-NORTE), “reforça a ambição de antecipar a meta da neutralidade carbónica até 2050, através da cooperação técnica e institucional e da partilha de conhecimento”, podendo, sublinha o presidente da Comissão, António Cunha, ser determinando para fixação de pessoas no território.
A colaboração com Rondónia, explica aquela entidade, permitirá aplicar esta metodologia em larga escala na floresta amazónica, contribuindo para o reconhecimento do valor ambiental do carbono armazenado na vegetação e nos solos.
O projeto “irá combinar imagens de satélite da Geosat com dados recolhidos no terreno em parceria com as universidades do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro, garantindo um processo de certificação cientificamente rigoroso e tecnologicamente avançado”.
De acordo com a CCDR-N, o próximo passo será a seleção dos territórios em Portugal e no Brasil que servirão como base para o desenvolvimento da metodologia.
Os algoritmos de classificação dos biomas (conjuntos de ecossistemas do mesmo tipo) serão inicialmente testados em Portugal e aplicados posteriormente em Rondónia, permitindo a adaptação da tecnologia a diferentes contextos ecológicos.