Escritor defende mais relevo nas escolas para Camilo Castelo Branco

Escritor defende mais relevo nas escolas para Camilo Castelo Branco
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Porto Canal/Agências

O escritor transmontano A. M. Pires Cabral defendeu que se deveria dar mais relevo a Camilo Castelo Branco nos programas escolares, esperando que a celebração do bicentenário do nascimento do autor incentive à leitura da sua obra.

Para António Manuel Pires Cabral, o ano de 2025 é de festa e uma ocasião para se comemorar a vida e a obra de Camilo Castelo Branco (1825–1890), mas, na sua opinião, era também “muito bom” se, em consequência do bicentenário, o Ministério da Educação desse um lugar de “mais relevo”, nos programas escolas, à obra camiliana.

À agência Lusa, o antigo organizador das Jornadas Camilianas disse que Camilo é “um grande escritor de língua portuguesa”, que "domina e ensina a usar a língua portuguesa".

E na comparação entre dois grandes autores portugueses – Camilo e Eça de Queirós – afirmou que prefere Camilo Castelo Branco.

“O seu espírito, o seu modo de ser, a sua alma é portuguesa, enquanto Eça é muito afrancesado, é um grande escritor, não se pode negar isso e gosto dele, naturalmente, mas não me sabe bem como me sabe o Camilo”, salientou.

Na sua opinião, Eça é mais frio, mais irónico e menos envolvido nas coisas e Camilo mais emotivo, e quando se “metia era para valer”.

A escrita e a vida de Camilo Castelo Branco por Vila Real aproximam Pires Cabral do autor que descreveu como “insubordinado” e “incorrigível” e que acabou sovado pelo capanga “olhos-de-boi”, na cidade transmontana, devido aos artigos escritos em jornais em que atacava o governador civil da altura.

Aos 83 anos, Pires de Cabral concilia a escrita com o trabalho no Grémio Literário Vila-Realense, que tem o seu nome.

Nasceu em Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, vive em Vila Real e é em Trás-os-Montes, no encontro entre o granito e o xisto, entre a serra, o rio Douro e a "sua" Terra Quente, que o escritor encontra inspiração para a sua obra.

Trás-os-Montes foi também um local de inspiração para Camilo Castelo Branco, que passou por Vila Real, Vilarinho da Samardã e Ribeira de Pena, onde casou aos 16 anos com uma rapariga de 14 anos com quem esteve apenas um ano.

Pires Cabral foi um dos coorganizadores das Jornadas Camilianas que, na década de 1980, centraram a sua atenção na presença de Camilo em Vila Real e na divulgação da sua vida e vasta obra, da qual se destaca o romance “Amor de Perdição”.

“Os grandes especialistas em Camilo vieram cá”, realçou, explicando que o evento juntava uma parte académica com uma parte mais lúdica. “E o Camilo às vezes interrompia as nossas sessões”, brincou.

No próximo domingo, Vila Real associa-se às comemorações do bicentenário com a inauguração da exposição “Memória de Camilo na biblioteca de Vila Real” e o lançamento do livro “Camilo por terras de Vila Real – antologia breve”.

Pires Cabral explicou que esta obra reúne um conjunto de textos de Camilo Castelo Branco, referentes aos locais por onde passou nesta região, de Vila Real a Ribeira de Pena, passando por Vilarinho da Samardã, onde a sua irmã casou, ou Fojo do Lobo (armadilha para capturar lobos).

“Celebrar o bicentenário de Camilo Castelo Branco, um dos maiores nomes da literatura portuguesa, é para nós, vila-realenses, não só um orgulho, mas uma espécie de dever, visto que terá começado aqui a sua carreira literária”, afirmou Mara Minhava, vereadora da Cultura da Câmara de Vila Real.

A autarca disse que o município está a trabalhar numa candidatura à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) - “Escritores a Norte” -, com a qual pretende apresentar o projeto “Roteiro Regional: Camilo por Terras do Interior”, que abarcará a literatura, o teatro, a música e a cinematografia.

“Pretendemos celebrar Camilo, relendo-o e conquistando novos leitores”, frisou.

Ao longo do ano decorrerão outras iniciativas como o lançamento de um livro de Pires Cabral com textos que escreveu sobre Camilo Castelo Branco, serão recordadas as Jornadas Camilianas, realizados concursos literários e de caricaturas e a dramatização de textos camilianos.

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