Adesão à greve dos técnicos auxiliares de saúde perto de 80% no Hospital São João

Porto Canal/ Agências
A greve de 24 horas dos técnicos auxiliares de saúde regista esta sexta-feira uma adesão de entre 75% e 80% no Hospital de São João, no Porto, e os serviços mais afetados são os blocos operatórios, disse fonte sindical.
“Todos os serviços são afetados, mas os efeitos mais visíveis para as pessoas serão os blocos operatórios” sobretudo, no que se refere à cirurgia programada, disse à Lusa o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte.
No Hospital de São João, “as consultas externas não são muito afetadas devido aos meios tecnológicos que aqui existem, mas a nível nacional a adesão neste serviço deverá ser muito significativa”, disse Orlando Gonçalves.
Este protesto, que decorre a nível nacional, foi convocado pela Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais para exigir a transição para a carreira de todos os trabalhadores que exercem funções de técnicos auxiliares de saúde, aumentos salariais e reconhecimento da penosidade e risco da profissão, entre outras reivindicações.
“Com esta greve, pretendemos que, de facto, o Governo respeite esta carreira e que faça aquilo que devia ter feito já há um ano”, disse o dirigente sindical.
Orlando Gonçalves explicou que, quando começaram as negociações, ainda com o anterior governo, “ia ser exigido um curso de técnico auxiliar de saúde (TAS), para as novas admissões, e os trabalhadores que já estavam em funções iam transitar pela sua experiência profissional”.
No entanto, “quase já no final das negociações, deixou de ser exigido o 12.º ano e o curso de TAS. No fundo não é exigido nada, não há formação nenhuma, ficou estabelecido que os hospitais quando admitiam trabalhadores lhes davam formação, mas só a parte que achassem necessária. Na prática, não dão nenhuma, porque não têm tempo para isso e têm falta de pessoal”.
Luciana Alves, técnica auxiliar de saúde no Hospital de São João, disse à Lusa que está em greve porque “mais uma vez, ao fim de 15 anos, os trabalhadores têm reconhecimento zero” ao nível remuneratório e de evolução da carreira.
“Neste momento, estamos com [um salário] de cerca de 870 euros. Por exemplo, no meu caso, que estou aqui há 20 anos, levo o mesmo salário de um colega que entra agora”, lamentou Luciana Alves.
Questionado pela Lusa, Orlando Gonçalves disse que “não há nada decidido” em relação a eventuais novas formas de protesto, uma vez que há, neste momento, uma indefinição política.
“Agora temos a situação que temos com o Governo, obviamente que antes de decidir o que quer que seja, os trabalhadores têm de ver como é que fica a situação política no país, se o Governo se mantém (…). De qualquer maneira, fica o aviso, seja quem for que venha a ganhar as próximas eleições, estes trabalhadores são fundamentais no Serviço Nacional de Saúde, portanto não podem ser constantemente esquecidos”, acrescentou.