“Hotel Garrett” nasce em antigo edifício da Universidade do Porto

Ana Francisca Gomes
O antigo Colégio Almeida Garrett, junto à Praça Coronel Pacheco e à Travessa de Cedofeita, vai ser reconvertido num hotel de 4 estrelas com 190 quartos. As demolições arrancaram no final de janeiro e a empreitada vai ter uma duração de dois anos.
Na mesma freguesia onde um grupo de cidadãos tem tentado travar uma possível transformação da casa onde nasceu Almeida Garrett numa unidade hoteleira, vai nascer o “Hotel Garrett” num imóvel para onde já se projetou uma residência universitária.
No final do ano de 2017, a Universidade do Porto vendeu o antigo colégio em hasta pública à Real Douro - Promoção e Gestão Imobiliária, com sede no Marco de Canaveses, que apresentou uma proposta no valor de 6,1 milhões de euros. À data o comprador justificou que este teria uma “função residencial” e o projeto de uma residência de estudantes e apartamentos chegou mesmo a estar entregue à APEL – Arquitetura, Planeamento e Engenharia:
Foto: APEL - Arquitetura, Planeamento e Engenharia. Empreendimento de habitação e residencia para estudantes no antigo Colégio Almeida Garrett.
Os planos, contudo, acabaram por mudar e em 2020 deu entrada na Câmara do Porto um Pedido de Informação (PIP) de um grupo hoteleiro londrino para aí construir um hotel de três estrelas com 240 quartos.
Apesar dos pareceres favoráveis, em 2021 a sociedade que ganhou a hasta pública da Universidade do Porto avançou com o processo urbanístico do atual “Hotel Garrett”, que terá 190 quartos e 48 lugares de estacionamento. Em 2022, vendeu o terreno à Porto Praça Coronel Pacheco, Unipessoal Lda (atualmente com o nome MundiGarrett), que é detido pela MundiCenter, uma empresa de promoção imobiliária do Grupo Alves Ribeiro.
O Porto Canal contactou os donos da obra, que são detentores de grandes shoppings espalhados pelo país como o Braga Parque, mas não obteve qualquer resposta.
Há menos de um mês, em janeiro, começaram a entrar as máquinas no terreno de 8005 metros quadrados, o equivalente a oito campos de futebol. A operação vai envolver a demolição de uma parte das construções já existentes.
O novo espaço vai ter seis edifícios e três entradas. A principal vai fazer-se pela Praça Coronel Pacheco, a entrada para o estacionamento será pela Rua do Mirante (que atualmente tem acesso limitado a carros dos moradores) e ainda pela Travessa de Cedofeita, onde haverá uma passagem pedonal para um jardim no logradouro do lote.
Há já alguns anos que o edifício se encontra sem uso e degradado. No início de 1914 funcionou como Colégio Almeida Garrett, e, mais tarde, foi adquirido pelo Ministério da Educação. Assim, em 1975 funcionou como Faculdade de Engenharia do Porto (FEUP). Depois da faculdade se ter mudado para as suas mais recentes instalações em Paranhos, albergou atividades da Academia Contemporânea do Espetáculo - ACE e do Teatro Universitário do Porto - TUP.
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