Sindicato Independente dos Médicos lamenta instabilidade no SNS quando se encontra reforma em curso
Porto Canal/ Agências
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) lamentou este sábado a instabilidade na direção-executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), após a demissão do diretor, apontado a necessidade de ser substituído “rapidamente” para continuar a reforma em curso.
“O SIM lamenta, antes de mais, a instabilidade na direção e espera que a ministra [da Saúde] arranje um substituto ou uma substituta muito rapidamente, que seja alguém com créditos firmados e que permita que os profissionais se revejam na sua competência e liderança”, disse o secretário-geral do SIM, Nuno Rodrigues, em declarações à Lusa.
Para o responsável, é importante que o caminho que estava a ser feito, “a reforma do SNS, iniciada pelo professor Fernando Araújo, continuada pelo doutor Gandra d’Almeida e agora por quem vier a seguir, que realmente se concretize”.
Nuno Rodrigues reconheceu que o SNS precisa, neste momento, de “estabilidade e de objetivos” e de que a reorganização em curso “realmente se concretize”.
“E por isso, precisamos de estabilidade na direção-executiva do SNS, que foi criada até com esse propósito, mas que infelizmente, por outras [razões], de natureza distinta, as duas substituições [aconteceram]”, considerou.
O secretário-geral do SIM lembrou também os acordos já firmados entre o Governo com os técnicos do INEM, com os farmacêuticos e com os médicos, salientando que “pela parte salarial está a ter a evolução no sentido correto”, faltando a parte “da organização do SNS e da competitividade que todos queremos que o SNS tenha”, falta essa concretização, assumiu.
“Para isso esperamos que a ministra encontre a pessoa certa para que esta reforma vá adiante”, afirmou.
A ministra da Saúde aceitou o pedido de demissão apresentado na sexta-feira à noite pelo diretor-executivo do SNS, António Gandra D'Almeida, surgido na sequência de uma investigação da estação SIC, que denunciou que o responsável acumulou, durante mais de dois anos, as funções de diretor do INEM do Norte, com sede no Porto, com as de médico tarefeiro nas Urgências de Faro e Portimão, referindo que a lei diz que é incompatível.
Segundo a reportagem da SIC divulgada na sexta-feira à noite, a lei diz que é a acumulação de cargos é incompatível, mas António Gandra D'Almeida conseguiu que o INEM lhe desse uma autorização com a garantia de que não ia receber vencimento.
No entanto, através de uma empresa que criou com a mulher e da qual era gerente, terá recebido “mais de 200 mil euros por esses turnos”, adiantou a SIC.
Na nota enviada à comunicação social, Gandra D´Almeida considerou que a reportagem incide sobre a sua atuação profissional nos anos que precederam o exercício de funções como diretor executivo do SNS - 2021, 2022 e 2023 – e que contém “imprecisões e falsidades que lesam" o seu nome.
Em 22 de maio de 2024, o Ministério da Saúde anunciou que tinha escolhido o médico militar António Gandra D´Almeida para substituir Fernando Araújo como diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e, no mês seguinte, o Conselho de Ministros aprovou a sua designação para o cargo.
Gandra D´Almeida, especialista em cirurgia geral, foi diretor da delegação do Norte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a partir de novembro de 2021 e, nas Forças Armadas, acumulou funções de chefia e de coordenação.
Foi escolhido pelo Governo na sequência da demissão apresentada por Fernando Araújo no final de abril de 2024, depois de liderar a Direção Executiva do SNS durante cerca de 15 meses, alegando que não queria ser um obstáculo ao Governo nas políticas e nas medidas que considerasse necessário implementar.