Candidato impugna concurso para direção do Museu Alberto Sampaio em Guimarães
Porto Canal / Agências
O professor Nuno Resende da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, um dos candidatos à direção do Museu Alberto Sampaio, em Guimarães, adiantou esta terça-feira que já impugnou o concurso para o cargo, alegando ter sido preterido injustamente, sem justificação.
“Os meus advogados já entraram com o pedido de impugnação, que deu entrada em 03 de janeiro. O concurso tem de ser anulado e repetido. Não há uma justificação para que o júri tenha dado a mesma classificação e valoração, quantitativa e qualitativamente a dois dos candidatos, e eu tenha sido excluído de forma injusta e sem uma justificação cabal”, acusa Nuno Resende.
Em 13 de dezembro de 2024, a Museus e Monumentos de Portugal (MMP) divulgou os primeiros nove resultados de um total de 37 concursos internacionais que decorreram nesse ano, com as nomeações para diretor de equipamentos de Guimarães, de Coimbra e de Lisboa.
Para assumir a direção do Museu Alberto Sampaio foi escolhida Maria de Lurdes Rufino, que já o coordenara entre dezembro de 2021 e julho de 2023, atualmente conservadora no Museu Municipal de Esposende, distrito de Braga.
“Licenciada em História de Arte, com pós-graduação em Museologia, tem um percurso profissional ligado à área da museologia, tendo desempenhado funções em instituições museológicas da administração central, local e da Igreja, entre as quais o Mosteiro de São Martinho de Tibães, em Braga, que coordenou entre 2014 e 2019, o Theatro Circo de Braga, onde foi administradora não executiva”, lia-se no comunicado da MMP.
Segundo Nuno Resende, a escolha recaiu sobre um dos dois candidatos que obtiveram “exatamente a mesma classificação”, acrescentando que o Conselho de Administração da MMP, empresa pública que tutela os museus, monumentos e palácios nacionais e equipamentos da Rede Portuguesa de Museus, optou depois por um dos candidatos “sem uma justificação clara” e fundamentada.
“A única justificação é que um dos candidatos apresenta um trabalho notável e outro apresenta um trabalho assinalável. Dois adjetivos que significam basicamente o mesmo”, frisa Nuno Resende, que é doutorado em História da Arte Portuguesa e docente no Departamento de Ciências e Técnicas do Património da Universidade do Porto.
Em resposta enviada esta terça-feira à Lusa, a MMP diz que “o aviso que enquadra os procedimentos concursais internacionais de recrutamento para os cargos de diretor dos Museus, Monumentos e Palácios é claro, preciso e adequado ao enquadramento legal de uma E.P.E [Entidade Pública Empresarial], seguindo um modelo, por exemplo, já utilizado para escolha de diretores artísticos dos teatros nacionais”.
“Neste modelo, o júri aponta até 3 candidatos que, depois de um aturado processo de seleção, considera serem igualmente capazes de prover cabalmente o lugar a concurso, sem seriação quantitativa entre si. No caso de ser apresentado mais que um candidato a entidade decisora, no caso o Conselho de Administração da MMP, escolhe de entre estes com base nos elementos destacados pelo júri de cada concurso e atendendo ao perfil que valoriza”, explica a MMP.
Neste recrutamento internacional, a seleção do júri é, frisa a MMP, “independente e confidencial e a decisão final é tomada pelo órgão mandatado para o efeito, no caso o órgão máximo da MMP, o seu Conselho de Administração”, não existindo “qualquer outra ponderação ou intervenção dentro ou fora da MMP, oferecendo a MMP apenas apoio administrativo a cada um dos 35 procedimentos concursais internacionais e ao trabalho do respetivo júri”.
“No que respeita ao concurso para a direção do Museu de Alberto Sampaio, e mais concretamente à contestação apresentada por um candidatos, respeitamos a sua reclamação – a única recebida até ao momento em 35 procedimentos concursais internacionais já lançados com bem mais de duas centenas de candidatos -, que naturalmente seguirá o seu curso normal, pelo que não adiantaremos mais sobre a matéria até à respetiva conclusão”, conclui a MMP.