Candidata à Casa do Douro defende preço justo para a uva
Porto Canal/Agências
A candidata à direção da Casa do Douro Manuela Alves defendeu esta quarta-feira um preço justo para a uva paga aos viticultores durienses para garantir os custos de produção e evitar o abandono da atividade.
Manuela Alves afirmou que a lista A, que encabeça, não pode pactuar com “os preços que estão a ser pagos pela uva” na mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo – o Douro.
“A uva tem de ser reconhecida e tem que ser considerada um produto de valor e, pelo menos, têm que ser garantidos os custos de produção. O viticultor entrega as uvas e não sabe quanto lhe vão pagar, quando e não sabe sequer se lhe pagam e isto não pode continuar”, frisou.
O pagamento justo das uvas para garantir o rendimento dos pequenos e médios viticultores é, precisamente, a primeira de 15 medidas apresentadas no manifesto da lista A.
Manuela Alves defendeu ainda uma forte aposta na promoção nacional e internacional dos vinhos para incrementar as vendas que estão em decréscimo, utilizando, para o efeito, as taxas pagas pelos viticultores ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP),
“Queremos ser uma solução”, frisou, adiantando que entre as medidas defendidas pela lista A estão a produção de aguardente vínica no Douro para incorporar no vinho do Porto ou a valorização do património que pertence à Casa do Douro.
“O Douro está há muito tempo mergulhado numa crise que esta última vindima ainda veio agravar mais. Houve viticultores que se viram obrigados a deixar as uvas nas videiras e isto para eles constituiu uma perda de rendimentos e uma grande desmotivação para continuarem na atividade, e, face a isto, nós não podemos ficar indiferentes”, afirmou.
No manifesto, a lista A refere que vai pugnar, junto do Governo e da União Europeia, pela regulação da produção e do mercado do vinho, quer proceder à inventariação e avaliação da situação patrimonial da Casa do Douro, com a entrega do património remanescente da liquidação das dívidas, e conferir dignidade à sede, na Régua (distrito de Vila Real).
Quer ainda um planeamento do setor, com contratos entre compradores e produtores de uva, quer “assumir com assertividade” as atribuições da Casa do Douro e defender a retoma dos poderes históricos da instituição, designadamente os da gestão do cadastro ou da indicação do benefício.
Combater a “ideia de que o arranque de vinha é solução para a crise no setor” é outra prioridade.
“Nós corremos em pista própria, somos um movimento inorgânico que resolveu avançar e arranjar soluções viáveis e que ajudem a ultrapassar a crise na região”, salientou.
A candidata reconheceu que a direção eleita no sábado terá um “enorme desafio pela frente” para reerguer uma casa que foi criada em 1932, viu alterados os seus estatutos para associação com gestão privada e inscrição facultativa em 2014 e regressa agora como associação pública de inscrição obrigatória.
No sábado, das 14h00 às 18h00, cerca de 19 mil viticultores vão ser chamados a votar em 74 assembleias de voto, espalhadas por 17 círculos eleitorais. O mandato é de três anos.
Foram apresentadas duas listas à direção, a A - Devolver a Casa do Douro aos Pequenos e Médios Viticultores - é liderada por Manuela Alves e a lista B – Douro Unido - é encabeçada por Rui Paredes e, em simultâneo, vai ser eleito o conselho regional.
Manuela Alves já lamentou a falta de informação sobre as eleições, salientando que há viticultores que desconhecem o ato eleitoral ou que não sabem onde votar.
A data escolhida para o sufrágio é também criticada pela candidata, recordando que estava marcado para uma quinta-feira, depois passou para sábado, um dia de trabalho para agricultores que ainda andam na apanha na azeitona e em vésperas de Natal, altura em que muitas famílias se deslocam, fatores que teme que possam contribuir para a abstenção.
“A altura de Natal nunca seria conveniente. Deve haver muita gente, muitos organismos interessados em que isto não corra bem”, frisou.