Câmara do Porto avança com classificação da fachada da casa de Almeida Garrett
Lusa
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, afirmou esta segunda-feira que o município não vê “nenhum fundamento” para avançar com a expropriação da casa onde nasceu Almeida Garrett, mas que está um curso um processo de classificação da fachada.
“A Câmara do Porto não vê nenhum fundamento para avançar com uma expropriação. Se o Governo o entender fazer, tudo bem”, afirmou o autarca, quando questionado pela CDU, durante a reunião do executivo, se seria possível salvaguardar o imóvel através de intervenção do Estado.
Aos vereadores, Rui Moreira garantiu que o município fez "tudo o que podia" para tentar adquirir o imóvel, depois de em março de 2019 a proposta da CDU para adquirir a casa e ali construir um polo do Liberalismo ter sido aprovada, mas que o valor proposto pelos proprietários, de cerca de quatro milhões de euros, impossibilitou a compra.
Apesar disso, o autarca independente disse estar em curso um processo de classificação da fachada do edifício onde, a 04 de fevereiro de 1799, nasceu Almeida Garret, e que o município "não ficou parado" quanto à intenção de avançar com o museu do Liberalismo na cidade.
Segundo Rui Moreira, a Quinta de Villar d'Allen, que irá passar para o município do Porto na sequência das alterações das fronteiras em curso com Gondomar, poderá vir a servir esse propósito.
“Já falamos com a família e está disponível para o uso de museu do liberalismo”, assinalou.
Em meados de novembro, também durante uma reunião do executivo, o presidente da Câmara do Porto esclareceu que a avaliação externa solicitada pelo município indicava que a casa de Almeida Garrett valia cerca de 1,5 milhões de euros.
"Portanto, a avaliação diz que era legítimo que a câmara exercesse o direito de preferência se a transação, quando fosse decidida, nos fosse colocada por um valor dessa natureza. Por aquilo que sabemos, neste momento, a transação que está a ser feita é por qualquer coisa como 3,5 ou quatro milhões de euros", acrescentou o autarca.
Uma semana antes, o Porto Canal avançava que a casa do escritor tinha sido colocada à venda pela imobiliária portuense Metro3.
"O lote, à venda por 3,8 milhões de euros, tem 1.616 metros quadrados de área útil e inclui dois edifícios", indicava o Porto Canal.
"Segundo a imobiliária, o lote já tem até projetos aprovados. “Tem PIP [Pedido de Informação Prévia] aprovado para edifício de apartamentos e comércio, com 13 frações, contando ainda com projeto de arquitetura para Hotel de Charme de 29 quartos e um restaurante, o que permite uma diversificação de abordagem para investimento", refere.
Os edifícios, situados na zona da Vitória, foram adquiridos em 2017 e 2018 pela sociedade anónima Midfield - Imobiliária e Serviços, com sede na Avenida da Boavista, e detida pelos membros do conselho de administração da Teak Capital, um fundo de investimento da família Moreira da Silva, segundo o Porto Canal.
Em 27 de abril de 2019, a casa onde o escritor nasceu e viveu cinco anos foi consumida pelas chamas de um incêndio que deflagrou durante a madrugada.