Leitura do acórdão de militares da GNR acusados de abuso de poder novamente adiada

Leitura do acórdão de militares da GNR acusados de abuso de poder novamente adiada
| Norte
Porto Canal / Agências

O Tribunal da Feira adiou esta segunda-feira, pela segunda vez, a leitura do acórdão do julgamento de nove arguidos, incluindo cinco militares da GNR, acusados de crimes de corrupção, abuso de poder e tráfico de influência, entre outros.

A razão do adiamento prende-se com algumas questões que o coletivo de juízes não teve tempo de analisar, relacionadas com requerimentos apresentados pela defesa, após a comunicação de alterações não substanciais dos factos da acusação.

A leitura do acórdão, que estava marcada para esta manhã, ficou assim adiada para o dia 6 de janeiro.

Entre os arguidos estão dois militares da GNR suspeitos de terem colaborado na exploração de jogos de fortuna e azar em vários bares situados em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, entre 2020 e 2022, a troco de remuneração e de consumos gratuitos.

Estes dois arguidos estão acusados dos crimes de corrupção passiva, favorecimento pessoal por funcionário, acesso ilegítimo agravado, violação do dever de sigilo, prática ilícita de jogo e exploração ilícita de jogo de fortuna ou azar, este último crime como cúmplice. Um deles responde ainda por um crime de abuso de poder e outro de detenção de arma proibida.

O dono dos bares está acusado de corrupção ativa, acesso ilegítimo agravado, violação do dever de sigilo, prática ilícita de jogo e exploração ilícita de jogo de fortuna ou azar.

A acusação do Ministério Público (MP), consultada pela Lusa, refere que os militares avisavam o empresário das fiscalizações que iriam ser realizadas pela GNR e informavam-no sobre a propriedade de automóveis estacionados nas imediações dos estabelecimentos para debelar qualquer possível vigilância policial.

Os investigadores apuraram ainda que os dois militares, que se encontram suspensos de funções, terão chegado a auxiliar o empresário na exploração lucrativa dos referidos jogos, exercendo várias vezes funções de porteiro e de ‘croupier’, além de participarem também como jogadores.

O MP pediu que os militares sejam condenados a pagar ao Estado cerca de 300 euros correspondente à vantagem obtida com os factos criminosos.

No banco dos réus estão sentados mais três militares da GNR da Feira, acusados dos crimes de abuso de poder, tráfico de influência, corrupção passiva e detenção de arma proibida.

De acordo com a investigação, um destes militares era detentor de património incongruente (não declarado fiscalmente) no valor de quase 40 mil euros, que o MP requereu que sejam declarados perdidos a favor do Estado.

O processo tem ainda como arguidos dois homens e uma mulher, que respondem por tráfico de influência e corrupção ativa.

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