Investigadores querem transformar algas em bioplástico para fertilizar solos agrícolas
Porto Canal / Agências
Investigadores portugueses querem transformar as algas que se acumulam ao longo da costa e que têm como destino os aterros num bioplástico degradável com propriedades fertilizantes para aplicar em solos agrícolas.
O projeto pretende solucionar a acumulação de algas nas zonas costeiras através da reutilização deste recurso marinho que maioritariamente tem como destino os aterros, explicou esta segunda-feira à Lusa uma das investigadoras responsáveis pelo AlgaBioTec.
Segundo Raquel Vaz, a equipa pretende também dar resposta à acumulação de plásticos não degradáveis e ao seu uso "pouco controlado".
"A nossa ideia é tentar resolver estes dois problemas", assinalou a investigadora, destacando que o projeto pretende transformar as algas que se acumulam nas zonas costeiras em "recursos sustentáveis e valiosos para a sociedade", sobretudo para a agricultura.
O projeto, que arrancou em junho, pretende transformar estas "fontes de nutrientes" em fertilizantes de baixo custo.
"Estamos a criar um bioplástico com propriedades fertilizantes para cobrir o solo e que se vai degradando ao longo do tempo", esclareceu Raquel Vaz, da Universidade de Coimbra, mas que está a desenvolver parte do doutoramento no Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR).
Intitulado AlgaBioTec, o projeto foi o vencedor da quarta edição do BluAct, programa organizado pela Câmara de Matosinhos com o apoio da UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.
O prémio no valor de cinco mil euros, a participação gratuita na escola de startups da UPTEC e a incubação, por um período de um ano, na UPTEC Mar, permitirão à equipa otimizar o protótipo da solução já desenvolvido.
Um dos objetivos passa por otimizar o tempo de degradação do bioplástico e as características deste recurso marinho, "diminuindo o desperdício e melhorando a eficiência".
À Lusa, a investigadora avançou que a equipa está em conversações com o município de Matosinhos, entidade responsável pela recolha destes recursos marinhos, e com alguns agricultores para, futuramente, testar a solução desenvolvida em campo.
Além de Raquel Vaz, a equipa do AlgaBioTec é composta pelas investigadoras Isabel Cunha e Isabel Oliveira, do CIIMAR, e por um gestor.