O movimento cívico UIVO vai promover uma caminhada a 7 de dezembro entre os concelhos de Bragança e Vinhais contra os pedidos de licenciamento de prospeção mineira em zonas protegidas, informou esta sexta-feira em comunicado.

Os pedidos foram feitos por uma empresa privada, a GMR Consultores, Lda., com sede em Braga, para prospeção e pesquisa de depósitos minerais metálicos de níquel, cobalto, cobre e platinóides, no projeto “Valongo2”, numa área de 105 quilómetros quadrados, em seis freguesias do concelho de Bragança e cinco freguesias do concelho de Vinhais.

O outro projeto mencionado tem o nome de “Revelhe”, em Vinhais, para procurar ouro, prata, cobre, chumbo, zinco e minerais em cinco freguesias de Vinhais, numa área de 37,80 quilómetros quadrados.

Nas zonas dos pedidos incluem-se áreas protegidas, como a Serra da Nogueira e o Parque Natural de Montesinho, de que fazem parte os concelhos de Bragança e Vinhais.

Há ainda outro pedido de prospeção para o concelho de Vinhais, denominado “Castrelos”, para apurar a presença de níquel, cobalto, cobre, ouro e platinóides.

“Estes pedidos de atribuição de direitos de pesquisa e prospeção mineral ameaçam a conservação de valores naturais e colocam em causa o desenvolvimento num ambiente que se pretende sustentável e compatível com o património e o modo de vida dos habitantes de Trás-os-Montes”, considerou o movimento em nota escrita.

Num manifesto também enviado hoje, o movimento alertou para impactos na atividade agrícola, como na produção de castanha ou na criação de gado, bem como na “qualidade e reputação dos produtos endógenos, situação que vai agravar a longo prazo os problemas já insustentáveis da perda de população e abandono das aldeias, com consequências graves para a proliferação dos incêndios e disseminação de espécies vegetais invasoras”.

A caminhada, apelidada de “Caminhada contra a mineração”, vai percorrer 9,5 quilómetros, entre Martim, no concelho de Bragança, até Ousilhão, no concelho de Vinhais. No final, haverá um magusto oferecido pela Associação Local (ACRD de Ousilhão.

O movimento disse que a atividade é uma iniciativa "espontânea de moradores e amigos", que pretendem evidenciar o impacto que teria a mineração no território.

“Entendemos igualmente que estes processos têm sido conduzidos de forma irregular pelo promotor dos mesmos, assim como pelas autoridades competentes”, acrescentou ainda o movimento na nota escrita.

Os municípios de Vinhais e de Bragança já emitiram pareceres desfavoráveis à proteção mineira, assim como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Durante uma das sessões públicas de esclarecimento sobre os pedidos de prospeção, em Nogueira, Bragança, a que a Lusa assistiu, foi referido por parte dos representantes da empresa que “não é possível entrar nos terrenos de ninguém se as pessoas não derem o seu expresso consentimento” e que por isso “contra a vontade das pessoas não se avança com o projeto”.

O movimento UIVO é descrito pelos próprios como sendo um movimento apartidário de cidadãos.

Foi criado em 2020, com o objetivo de manter a Reserva da Biosfera Meseta Ibérica livre de minas.