PSD acusa esquerda de aproveitamento político após expulsão de cidadã da Assembleia Municipal do Porto
Porto Canal / Agências
A vereadora do PSD da Câmara do Porto, Mariana Macedo, acusou esta segunda-feira os partidos de esquerda de "aproveitamento político" na sequência da expulsão na semana passada de uma cidadã da Assembleia Municipal e defendeu não ter existido censura.
"Considero que tem havido um extrapolar e aproveitamento político da situação", afirmou a social-democrata à margem da reunião privada do executivo municipal.
Em causa está a expulsão de uma cidadã, na Assembleia Municipal de segunda-feira, que abordou os ataques de que, alegadamente, os manifestantes pró-Palestina têm sido alvo na cidade, tecendo críticas à posição do município do Porto nesta matéria, o que não agradou alguns deputados.
Depois de solicitar que terminasse o seu discurso, e por não o fazer, o presidente da Assembleia, Sebastião Feyo de Azevedo, pediu à Polícia Municipal para retirar a cidadã da sala.
Aos jornalistas, a vereadora do PSD, partido pelo qual Sebastião Feyo foi eleito, defendeu não ter existido "pretensão de censura" pelo presidente da Assembleia Municipal.
"Porque haveria o presidente da Assembleia Municipal estar a proteger o presidente da câmara? Não há nenhum voto de censura, apenas houve o entendimento de um desrepeito pelo presidente e o presidente considera que o órgão todo é desrespeitado", afirmou Mariana Macedo, defendendo que desrespeito não pode ser confundido com censura e reforçando a acusação de que os partidos de esquerda estão a fazer "aproveitamento político" do caso.
Também questionado pelos jornalistas, o presidente da câmara, Rui Moreira, recusou fazer uma leitura política ou pronunciar-se sobre "a forma como o presidente [da Assembleia Municipal] gere o seu órgão".
"Era o que mais faltava, ainda por cima não é da minha força política", afirmou, acrescentando que não compete ao executivo fazer recomendações à Assembleia Municipal.
"Aquilo que é verdade, foi aliás referenciado no Polígrafo, é que um dos cidadãos que lá esteve, e com quem eu falei no dia seguinte, teve toda a possibilidade de falar livremente. Ali, o entendimento do sr. presidente da Assembleia, que não é dos dias atuais, é que os cidadãos que querem interpelar o executivo municipal o devem fazer nas reuniões públicas do executivo", referiu.
Na sexta-feira, quatro dias depois do sucedido, o BE e o PS condenaram, em comunicado, a atitude do presidente da Assembleia Municipal e a expulsão de uma cidadã, considerando que Sebastião Feyo teve uma "atitude antidemocrática e atentatória da liberdade dos cidadãos" e que o episódio foi "incompatível com o quadro democrático", respetivamente.
No mesmo dia, a Lusa tentou obter uma reação do presidente da Assembleia Municipal que, "por se encontrar na qualidade de presidente da AM num evento com o primeiro-ministro" declarou não ter "nenhum comentário a fazer".
Contactada pela Lusa, a Câmara do Porto remeteu uma declaração de Feyo de Azevedo segundo o qual o comunicado do BE omitia "vários aspetos relevantes dos acontecimentos ocorridos em 18/11/2024 e põe em evidência, de forma distorcida, alguns outros factos".
O Coletivo pela Libertação da Palestina (CLP), que em outubro de 2023 começou uma vigília diária em solidariedade com o povo palestiniano em frente ao edíficio da Câmara do Porto, denunciou, num comunicado enviado no dia 15 de novembro, a "total impunidade com que operam grupos organizados que tentam aterrorizar e negar os direitos constitucionais de reunião e expressão".
“Apesar de as forças policiais terem sido chamadas quase uma dezena de vezes, limitam-se a tomar nota do ocorrido sem reforçarem, de forma consistente, a sua presença na área, nem tomar nenhum tipo de medidas em relação aos agressores”, sublinha a nota de imprensa do CLP que inclui um vídeo alegadamente feito na véspera e onde quatro supostos israelitas ameaçam o grupo pró-Palestina reunido diante da câmara.