José Pedro Pereira da Costa: “É de salientar a paciência e colaboração dos parceiros”

José Pedro Pereira da Costa: “É de salientar a paciência e colaboração dos parceiros”
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Porto Canal

“Temos de gerar liquidez para fazer face ao défice”, começou por explicar José Pedro Pereira da Costa antes de revelar que, para tal, "vai ajudar o contrato com a Ithaka” e “outras operações”, “uma delas com um prazo de reembolso bastante longo”.

O vice-presidente da Comissão Executiva da SAD sublinhou a importância de “reduzir os custos” e fazer “pelo menos 20 ou 30 milhões com a venda de passes”. “Além disso, se renegociarmos as dívidas com custos mais baixos, esses custos também vão reduzir-se. Vamos ficar menos dependentes da necessidade de gerar mais dívida, mas os resultados financeiros dos clubes portugueses vão sempre depender das transações de passes. A ideia é ficarmos menos dependentes disso”, prosseguiu.

O administrador financeiro elogiou ainda “a paciência e a colaboração dos parceiros”, que aceitaram prolongar os prazos de pagamento, um gesto que só é possível devido à recuperação de um elemento fundamental: “Estamos a reganhar a credibilidade com os nossos parceiros, procurando cumprir os prazos fazíveis. Podemos não conseguir pagar agora, mas vamos conseguir nesse prazo”.

Números explicados
“Os 6,6 milhões de euros dizem respeito a duas situações: a situação das divergências com outros clubes, no valor de 3 milhões, e o restante diz respeito a impostos e prémios a atletas. Nesta altura não iremos dar mais detalhes, estamos a discutir com um terceiro clube. Está refletido nas contas, mas não vamos dar detalhes.”

Estratégias para fazer face ao défice
“Temos de gerar liquidez para fazer face a esse défice que temos. A operação da Ithaka vai ajudar, tal como as outras operações que estamos a realizar. Uma delas é com um prazo de reembolso bastante longo. A única forma de ter liquidez é gerar dívida para pagar dívida.”

Sempre em busca de receitas
“É um valor para a estrutura de receitas e custos atual. Se incrementarmos receitas relacionadas, por exemplo, com a bilhética, Lugares Anuais ou Hospitality, os investimentos gerarão mais receita e essa é uma frente bastante acionável e possível. Temos de reduzir os custos e também é necessário fazermos pelo menos 20 ou 30 milhões com a venda de passes anualmente. Além disso, se renegociarmos as dívidas com custos mais baixos, esses custos também vão reduzir-se. A nova dívida que estamos a contratar é claramente com custos mais baixos. Vamos ficar menos dependentes da necessidade de gerar mais dívida, mas os resultados financeiros dos clubes portugueses vão sempre depender das transações de passes. A ideia é ficarmos menos dependentes disso.”

Os pagamentos a fornecedores, aos clubes e a credibilidade
“Temos feito pagamentos a fornecedores que estavam em atraso. Desde logo, afeta a atividade do dia a dia termos credores todos os dias a reclamar dívidas em atraso. Perdemos muito tempo todos os dias a receber pedidos do fornecedor X que precisa de pagar salários e isso não é o desejável. Em relação aos clubes a quem devemos, é uma área exigente porque são pagamentos imperativos. Se os pagamentos a fornecedores não fazem parte do controlo da UEFA, os pagamentos a clubes sim. Nessa área, atrasos significam negociações para extensões dos prazos de pagamento, entre outras coisas. Isto significaria menos tempo perdido se fôssemos um clube normal, por isso é de salientar a paciência e a colaboração dos nossos parceiros, pois muitos prolongaram os prazos. Estamos a reganhar a credibilidade junto dos nossos parceiros, procurando cumprir os prazos fazíveis. Podemos não conseguir pagar agora, mas vamos conseguir nesse prazo. São processos difíceis que exigem tempo e a área jurídica é fundamental. É um tempo exigente e muito significativo, mas acredito que nos vamos conseguir libertar.”

Reavaliação do Estádio do Dragão
“O Estádio do Dragão em 2023 tinha valor contabilístico de 112 milhões de euros, no final foi efetuado uma primeira reavaliação ainda pela anterior Administração que levou o valor para os 279 milhões de euros. Em termos de capitais próprios, estes mais de 167 milhões de euros resultaram num impacto de 130 milhões de euros. Esta reavaliação veio a ser desafiada pela CMVM, num processo que se iniciou em março do ano passado e durou até agora, o que nos obrigou a rever. Trata-se de uma metodologia distinta que foi utilizada para avaliação do estádio. Inicialmente tinha o chamado método de rendimento em função dos fluxos de caixa gerados pelo estádio, com base no plano de negócios que existia. A CMVM questionou se essas receitas eram exclusivas do estádio ou se contribuíam outros ativos. Desconsiderou a avaliação que foi feita, utilizámos o tal método distinto, utilizando os fluxos de caixa de uma renda. Considerámos o Estádio do Dragão como um ativo imobiliário, fazendo o desconto de rendas que um clube de futebol utilizaria. Ela foi aceite pela CMVM, e descontando os fluxos resultou uma nova valorização, que agora se situa nos 213 milhões de euros. Houve redução de 66 milhões de euros e, em termos de capitais próprios, tivemos uma redução na ordem dos 47 milhões de euros.”

O Mundial de Clubes em 2025
“Temos a qualificação para o Mundial de clubes, estimamos que o prémio venha a ser contabilizado neste exercício de 2024/25. Não é certo, mas pode acontecer que a receita gerada pelo Mundial de Clubes venha a ficar abaixo do que foi inicialmente estimado. Aquele valor de 50 milhões de euros de receita potencial que se falava, vamos ficar um bom bocado aquém deste valor. Ainda é incerto. Outro aspeto relevante: o campeonato joga-se em junho e nunca antes de abril teremos acesso a estas verbas.”

Os direitos televisivos
“Em relação aos direitos televisivos, em termos de impacto económico tem o mesmo valor por ano. Vamos registar os tais 43 milhões de euros até 2027, mas em termos de tesouraria a situação não é igual, uma vez que os valores estão descontados até dezembro de 2027. Portanto, nos próximos quatro anos, temos 3,5 anos descontados em termos de receitas com taxas muito elevadas, acima dos 10%. Nos próximos três anos vamos registar receitas de 43 milhões de euros, mas cash vai ser 0. Se olharmos para o agregado, para um valor de 170 milhões de euros, vamos ter cash de 30. Vamos ter 3 anos e meio sem receitas cash de direitos televisivos.”

 

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