5 de outubro de 1910. A Implantação da República que teve ADN portuense

5 de outubro de 1910. A Implantação da República que teve ADN portuense
| País
Fábio Lopes

Completam-se este sábado 114 anos sobre a revolução que assinala o fim da monarquia constitucional em Portugal. Na manhã de 5 de outubro de 1910, a revolução sai à rua, organizada pelo partido Republicano Português, e dá-se a proclamação da República nas varandas da Câmara Municipal de Lisboa. Um movimento que teve como epicentro a capital, mas que teve no Norte e na cidade do Porto um grande aliado para o seu sucesso, capítulos antes nesta fita do tempo revolucionária.

 
 
 
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A República não nasceu da noite para o dia

Às nove horas do dia 5 de outubro de 1910, um novo panorama irrompia em Portugal. O político José Relvas assomava à varanda da autarquia lisboeta para proclamar a implementação da República.

O resultado de um longo processo, iniciado ainda no século XIX, que foi criando na população, especialmente em algumas elites, a vontade de corporizar o projeto de renovação da sociedade portuguesa numa concreta mudança de regime, capaz de tirar o país das profundas dificuldades em que estava mergulhado.

Diversas forças militares sublevam-se então na noite de 3 para 4 de outubro de 1910 contra a monarquia. Após acesos combates em Lisboa, centro do poder, esta é derrubada e dois dias depois proclama-se o novo regime.

Após acesos combates, o político José Relvas assomava à varanda da Câmara de Lisboa, Às nove horas do dia 5 de outubro de 1910, para proclamar a implementação da República.
Como consequência, o rei D. Manuel II e a família abandonaram Portugal nesse mesmo dia, partindo para o exílio em Inglaterra.

Assim, o Republicanismo, uma ideia antiga em Portugal que se foi enraizando, fruto de uma conjuntura desfavorável responsável por fazer granjear o descontentamento e a revolta no país, leva a melhor, com a cidade do Porto, igualmente, em plano de destaque.

Razões da revolta

A extrema instabilidade política, com o governo rodando entre apenas dois partidos, o Regenerador e o Progressista, ambos fiéis ao rei, não era o garante de um regime sólido.
Na ótica dos republicanos, só um verdadeiro governo baseado nos ideais liberais da Revolução Francesa – Liberdade, Igualdade, Fraternidade – podia responder aos problemas do país.

O rastilho do Ultimato Britânico

Os princípios do republicanismo chegados a Portugal nas últimas décadas do séc. XIX ganham um novo e decisivo alento na sequência do Ultimato britânico de 1890, no qual as forças inglesas exigiam a retirada militar dos territórios entre Angola e Moçambique, sob a ameaça do rompimento de relações entre as duas nações europeias.

A onda de patriotismo que a afronta gerou, radicalizaram e popularizaram o movimento republicano, concretamente na Invicta. Recorde-se a constituição da Liga Portuguesa do Norte, no Porto, logo após o Ultimato, sob a presidência de Antero de Quental.

O Porto, até então o maior centro industrial do país, possuía um proletariado a viver em péssimas condições económicas, mas com políticos comprometidos com os valores que serviam de base ao regime republicano.

31 de janeiro de 1891, o evento precursor da República em Portugal

Assim, neste ambiente de exaltação, a 31 de janeiro de 1891 teve lugar, no Porto, a primeira tentativa de implantação da República. A revolta romântica e precipitada, apesar de fracassada, permitiu a preparação tática e madura para uma mudança radical do regime monárquico 20 anos mais tarde.

“Esta foi a primeira revolta republicana e que demonstrou ao país que os republicanos estavam dispostos a destruir o regime monárquico pela força, não pela evolução. Portanto, mostrou aos republicanos o caminho que eles tinham de seguir para tomarem conta do regime”, sublinha em entrevista ao Porto Canal, Fernando de Sousa, professor catedrático de História Económica e Social da Universidade do Porto, frisando que o 5 de outubro de 1910 é a “conclusão definitiva da implantação da República em Portugal iniciada com a revolta do 31 de janeiro de 1891”.

A própria Corte não reunia consenso popular. Os rumores acerca dos extravagantes gastos da Família Real intensificavam-se, nomeadamente com a rainha D. Amélia. O rei Carlos I também não era bem visto pela população com a sua fama de esbanjador e as suas aventuras amorosas que descredibilizavam a figura real.

Neste clima de revolta e tensão, e no regresso de uma estadia em Vila Viçosa, o Rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, Luís Filipe, são assassinados no Terreiro do Paço por anarquistas.
Três atiradores esperavam a família real e à chegada à capital o rei D. Carlos e o filho, Luís Filipe, são vítimas de um atentado. Na sequência do incidente, o governo de João Franco demite-se e são libertados todos os presos políticos, nomeadamente, os republicanos. Uma ação que deixa a monarquia profundamente fragilizada e que antecede a proclamação da República dois anos mais tarde.

Os ares republicanos no Porto após a instauração do novo regime

No Porto, o novo regime foi recebido com um clima de euforia, traça Fernando de Sousa. “Verifica-se que no dia 8 de outubro, com muita alegria e entusiasmo, as bandas tocam “A Portuguesa”, os militares confraternizam com os Paisanos, a cidade calmamente aceitou a República, foi hasteada a bandeira republicana e pouco depois a cidade retomou o movimento normal, e continuando com as festas, banquetes, cortejos cívicos e aproveitando certamente este movimento para valorizar a Revolta de 31 de Janeiro de 20 anos antes”, atira o historiador, enfatizando o papel que a Invicta, de forma indireta, acabou por ter no novo regime político em Portugal.

Não obstante as grandes reformas sociais implantadas pela República, a nova elite governativa esbarrou na transformação que pretendia, principalmente num país profundamente rural e tradicionalista, dada a sua perseguição ao clero – regular e secular, perdendo, paulatinamente, o apoio popular.

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