Autocarros atrasados arrastam um canal do metrobus que permanece deserto
João Nogueira
As dúvidas e atrasos permanecem em torno do metrobus. A aquisição dos novos autocarros a hidrogénio está atrasada, mas espera-se que os primeiros cheguem durante o mês de dezembro. Ainda assim, a Metro do Porto continua sem saber se terá instalações para garantir a produção de hidrogénio verde que permitirá a circulação do transporte. Ao que o Porto Canal apurou, o memorando de entendimento para a operação continua por assinar.
Os avanços e recuos quanto ao projeto do metrobus continuam a despertar dúvidas entre a população e o arranque da operação ainda não parece ter uma data exata.
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Quem desce ou sobe a Avenida da Boavista, percebe que a infraestrutura está terminada. Os carros perderam uma faixa em cada sentido, que dá agora lugar às vias do metrobus. Mas mais de um mês depois de ser anunciado o fim da obra, a 23 de agosto, o canal continua deserto.
Ao que o Porto Canal apurou, o memorando de entendimento que vai permitir à STCP arrancar com a operação permanece por assinar.
Recorde-se que a construção das infraestruturas, bem como a encomenda dos veículos a hidrogénio, ficaram da responsabilidade da Metro do Porto. Mas a operação e gestão passam para a STCP assim que o documento for assinado.
A Metro do Porto aprovou o documento e endereçou-o à autarquia a 28 de agosto. Depois disto, Rui Moreira enviou uma nova missiva à presidente do Conselho de Administração da STCP, Cristina Pimentel, alertando para a necessidade de clarificar uma das cláusulas do memorando, confirmou fonte da empresa.
O ponto em questão refere que o contrato de serviço público “deverá ser outorgado até à data da primeira receção provisória da empreitada, de maneira a que o sistema possa entrar, de imediato, em exploração pela STCP, com os meios disponíveis a essa data".
Em resposta ao Porto Canal, a STCP esclareceu que, “atendendo à configuração do canal, a exploração do mesmo em regime de Metrobus só poderá ser feita com os novos veículos encomendados pela Metro do Porto”. A empresa acrescentou ainda não ter qualquer previsão concreta para o arranque da fase de testes.
O Porto Canal também questionou a Câmara do Porto sobre a assinatura do memorando e encontra-se ainda a aguardar resposta.
Apesar de ter anunciado o fim da obra do metrobus a 23 de agosto, a Metro do Porto explicou que ainda estão a ser realizados acabamentos e a instalação de equipamentos nas estações. Também naquele dia, a empresa apontou o arranque da operação para o início do ano letivo. Tal não aconteceu.
Primeiros autocarros do metrobus devem chegar em dezembro mas sem hidrogénio
Responsável pela aquisição de material circulante, a Metro do Porto está a “envidar esforços” junto do consórcio fornecedor para que os primeiros veículos cheguem ainda durante o último trimestre deste ano. O prazo limite definido para entrega das composições é abril de 2025.
Também incluída no contrato do fornecimento das viaturas está a construção de um posto de abastecimento de hidrogénio verde, na Estação de Recolha da Areosa, e que vai alimentar os veículos e, consequentemente, a sua circulação.
Há um cenário possível onde os autocarros chegam antes da central de produção de hidrogénio estar pronta, ficado assim em causa o abastecimento de hidrogénio. Em resposta ao Porto Canal a Metro do Porto explicou que não sabe se tal vai suceder mas, se for o caso, deverá recorrer a um posto de abastecimento móvel.
Até à chegada dos veículos é expectável que a STCP opere com os próprios autocarros no corredor do metrobus e de forma temporária. A empresa propôs um uso provisório do canal de metrobus na Boavista pela linha 203.
Recorde-se que na Avenida Marechal Gomes da Costa, as estações estão ao centro, e tal obriga a que os autocarros que ali circulem tenham portas do lado esquerdo, sendo que os autocarros da STCP têm apenas portas à direita.