Descida de temperatura e chuva no Grande Porto são os novos aliados de bombeiros e populações

Descida de temperatura e chuva no Grande Porto são os novos aliados de bombeiros e populações
Catarina Cruz @facebook
| Norte
Porto Canal

Após longos dias de combate às centenas de fogos que assolaram o Norte e Centro do país, esta sexta-feira a chuva e a descida generalizada da temperatura no Grande Porto prometem ser determinantes para trazer fim aos incêndios que desde domingo já consumiram mais de 121 mil hectares. "Um símbolo de esperança no meio do caos", pode ser lido numa publicação no Facebook de Catarina Cruz. Com um louva-a-deus pousado na sua mão, a bombeira de Leça do Balio partilha a imagem daquele pequeno sobrevivente no meio de um cenário dantesco provocado por um incêndio em São Pedro da Cova, Gondomar.

 

 
 
 
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Os distritos de Aveiro, Braga, Porto e Viana do Castelo vão estar na sexta-feira sob aviso amarelo devido à chuva por vezes forte e à trovoada, revelou esta quinta-feira o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O aviso amarelo emitido pelo IPMA é para o mesmo horário nos quatro distritos: entre as 00h00 e as 15h00 de sexta-feira, devido a “aguaceiros, por vezes fortes e acompanhados de trovoada”.

O IPMA alerta que “a ocorrência de precipitação forte, nos próximos dias, em regiões que ficaram vulneráveis após os incêndios recentes, com a consequente perda de coberto vegetal, aumentam o risco associado a potenciais escorrências”.

Para sexta-feira, está prevista “a ocorrência de aguaceiros que poderão ser fortes nas regiões do Norte e Centro, em especial no Minho e Douro Litoral e nas zonas montanhosas, podendo ainda ocorrer trovoada, embora com baixa probabilidade”, detalha o IPMA.

O instituto diz estar em causa uma “depressão centrada a oeste do território do Continente e de um vale depressionário em altitude com deslocamento para sul/sudoeste”, que leva a prever, para a tarde desta quinta-feira, “a ocorrência de aguaceiros dispersos, por vezes acompanhadas de trovoada e rajadas convectivas, sendo mais prováveis no interior”.

“A instabilidade atmosférica prevista para esta tarde cria condições ao nível local para que os incêndios em curso possam originar nuvens do tipo pirocúmulo [nuvem densa, também designada por nuvem de fogo], que têm potencial para alterar o regime de ventos no local”, acrescenta.

Na sequência “dos violentos incêndios foi gerada uma pluma de cinzas de enormes dimensões que, para além da expansão sobre o Atântico, atingiu a zona norte da Península Ibérica, com impacto na qualidade do ar”, refere ainda o IPMA.

“Com a rotação prevista do vento para o quadrante oeste durante o fim de semana, uma parte desta pluma a oeste do território continental irá ser advectada [deslocação de uma massa de ar no sentido horizontal] novamente para as regiões Norte e Centro”.

 

 

Os incêndios nos distritos de Viseu e Vila Real, respetivamente em Castro Daire e Peso da Régua, eram os maiores focos de preocupação pela 00h00 desta sexta-feira, já que os fogos de Arouca (Aveiro) e Vila Pouca de Aguiar já foram dados como controlados.

No distrito de Viseu, os incêndios de Castro Daire (dois) e o de Penalva do Castelo mobilizavam, em conjunto, cerca da meia-noite, 1.158 operacionais, numa altura em que já choveu na região durante alguns minutos.

Já no distrito de Vila Real, se por um lado os incêndios de Vila Pouca de Aguiar entraram em fase de resolução, por outro registou-se o avançar de um incêndio em Sedielos, Peso da Régua, que chegou aos 150 operacionais e 48 meios terrestres.

Também outro dos incêndios que gerava maiores preocupações, em Arouca (distrito de Aveiro), já está em fase de resolução e cercada pelos bombeiros.

No distrito de Viseu, pelas 21h30, permaneciam seis frentes ativas que continuavam continuam a preocupar a proteção civil no concelho de Castro Daire, sendo a que está na freguesia de Moledo a “mais preocupante”, segundo o presidente do município.

Paulo Almeida afirmava que afirmou que a situação estava “mais favorável” no concelho, apesar de admitir que tal não significava que a situação não era "muito preocupante”.

Ao longo do dia as frentes variaram entre 12 e 10, o que tornava a atual situação “ligeiramente melhor”, no entender do autarca que tem como preocupação também “os reacendimentos que têm acontecido”.

Para o autarca, as frentes mais preocupantes estavam "na zona de Aguadalte, Casais do Monte e Covelo de Paiva [na freguesia de Moledo]", bem como "na freguesia de Cabril e na serra do Montemuro".

Em São Pedro do Sul, ao fim do dia persistiam três frentes ativas, uma “mais preocupante”, perto de Sobral, além de outra, vinda de Arouca, disse o presidente da Câmara Vítor Figueiredo acreditando, contudo, que o fogo seja controlado pela manhã.

Persistia também o incêndio iniciado em Penalva do Castelo, com 191 operacionais e 47 meios terrestres, pelas 00h10.

Os fogos de Nelas e Mangualde foram dados como controlados na manhã de quinta-feira.

Já no distrito de Vila Real, os incêndios de Vila Pouca de Aguiar foram dados como controlados durante a noite de quinta-feira, depois de reativações, mantendo-se as preocupações em Alijó e uma nova no Peso da Régua, na sub-região do Douro.

"Neste momento estão todos dominados. Está tudo já a ficar resolvido. Temos algum pessoal a vigiar o rescaldo nalguns pontos quentes, mas se calhar durante a noite fica tudo mais descansado", disse à Lusa Artur Mota, comandante sub-regional da Proteção Civil do Alto Tâmega e Barroso, sobre os incêndios de Vila Pouca de Aguiar, cerca das 23:30.

Porém, se na zona norte do distrito de Vila Real a situação melhorou, no sul, na sub-região do Douro, mantém-se a preocupação com uma reativação durante a tarde no Alto de Fiães, que pelas 00:15 mobilizava 87 operacionais e 24 meios terrestres.

Maior preocupação gera o incêndio em Sedielos, Peso da Régua, também no Douro, que já ameaçou casas e terá evoluído desfavoravelmente "pelas condições do próprio terreno e dos combustíveis", segundo o segundo comandante sub-regional da Proteção Civil do Douro, José Requeijo.

Apesar do aumento do número de efetivo e meios, o combate estava “a decorrer favoravelmente" pelas 22:45, estando a ser reorganizadas as forças no terreno, aguardando-se também pela chuva ou, pelo menos, pela maior humidade ou baixa de temperatura.

Já no distrito de Aveiro, durante a tarde de quinta-feira, foi dado como dominado o complexo de incêndios de Oliveira de Azeméis, Sever do Vouga, Albergaria-a-Velha e Águeda, seguindo-se Arouca já perto da meia-noite de quinta-feira.

Pelas 23h20, o comandante dos bombeiros locais, José Gonçalves, disse à Lusa que o incêndio de Arouca já estava em resolução graças ao combate ao fogo e ao fecho do seu perímetro, já que ainda não chovia.

Pelas 20h00, fonte oficial da câmara municipal já tinha indicado que o número de frentes ativas tinha diminuído de três para duas.

Também no distrito do Porto foram dados como controlados os incêndios de Santo Tirso e de Paredes.

O incêndio em Monte Córdova, resultado de um dos reacendimentos hoje verificados em Santo Tirso, foi dado como dominado pelas 17:30, e o fogo hoje extinto em Paredes, na zona de Sobreira, deixou uma área ardida de 1.300 hectares.

Sete pessoas morreram e 166 ficaram feridas devido aos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.

A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 121 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 100 mil hectares, 83% da área ardida em todo o território nacional.

O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias e sexta-feira dia de luto nacional.

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