Fogo em Arouca tem "potencial para continuar a progredir"
Porto Canal/Agências
O incêndio que na terça-feira à noite deflagrou em Arouca, no distrito de Aveiro, está a lavrar "com média intensidade" e tem "potencial para continuar a progredir", informou esta madrugada a Proteção Civil.
Um porta-voz da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) avançou à Lusa que os meios estão "empenhados na defesa do edificado".
"O incêndio está muito ativo", indicou a mesma fonte, acrescentando que operacionais de Lisboa e Vale do Tejo estão a caminho de Arouca para reforçar os 202 operacionais, apoiados por 60 viaturas, que, de acordo com o portal da ANEPC na Internet, estavam, pelas 02h30, no local.
O incêndio de Castro Daire, no distrito de Viseu, progrediu na terça-feira à noite para Arouca e gerou três frentes ativas na zona de Alvarenga, Covêlo de Paivó e Janarde, e na zona de Canelas e Espiunca.
Num balanço feito à Lusa, fonte da autarquia disse que o fogo já tinha destruído cerca de dois quilómetros dos Passadiços do Paiva e que continuam cercadas várias freguesias do território, que, classificado como Geoparque da UNESCO, se distribui por 329,11 quilómetros quadrados, 85% dos quais de área florestal.
Os Passadiços do Paiva estavam encerrados ao público desde segunda-feira.
A zona mais preocupante continuava a ser, de acordo com a câmara, Ponte de Telhe, já que, se o fogo transpuser o rio Paivó, poderá a partir daí alastrar para novas frentes de combustão – como aconteceu no incêndio de 2016, que destruiu cerca de 8.600 hectares em Arouca e, galgando para o município vizinho de São Pedro do Sul, ainda aí consumiu mais 17 mil hectares.
Além de Ponte de Telhe, estão confinadas as aldeias de Telhe, Celadinha, Covêlo de Paivô, Meitriz, Regoufe, Silveiras, Vila Galega, Vila Nova, Várzeas, Bustelo, Vilarinho, Vila Cova, Serabigões e Mealha. De alguns desses povoados foram retirados os habitantes com mobilidade reduzida e conduzidos para casa de familiares.
A câmara informou ter também fechado todos os estabelecimentos de ensino da rede pública do concelho, afetando as escolas-sede dos agrupamentos de Arouca e Escariz ao acolhimento exclusivo de “filhos e dependentes dos profissionais diretamente envolvidos nas operações de socorro”.
Encerrados estiveram igualmente os complexos desportivos municipais de Arouca e Escariz, que, tal como as escolas, se manterão fechados esta quinta-feira.
A medida prende-se sobretudo com a má qualidade atmosférica, mas acautela também eventuais dificuldades de circulação.
As estradas EM 505 e o CM 1227 já reabriram ao trânsito, mas continuam cortadas nos dois sentidos a EN 326-1, no troço entre o Alto do Gamarão e Alvarenga, e a EM 510, no trajeto entre Ponte de Telhe, Covêlo de Paivó e Janarde.
De acordo com um balanço da ANEPC, pelas 01h35, eram 11 os incêndios ativos e não dominados em Portugal continental. O combate a estes incêndios mobilizava 2.365 operacionais, apoiados por 732 meios terrestres.
Sete pessoas morreram e cerca de 120 ficaram feridas nos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 106 mil hectares, de acordo com o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro, já arderam perto de 76 mil hectares.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.