Arqueólogos e estudantes aproveitam as férias para escavar em Alijó

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Porto Canal / Agências

Alijó, 27 ago (Lusa) -- Pelo terceiro ano consecutivo, arqueólogos, estudantes e até populares aproveitam as férias de verão para investigarem a ocupação humana em Pegarinhos, Alijó, onde foram descobertos muros de edifícios e vestígios de armas que remontam à época romana.

Neste mês de agosto, enquanto uns procuram a praia ou passeiam, voluntários aproveitam as férias para escavarem junto ao castro da aldeia de Vale de Mir, onde estão a desenterrar um pouco da história do Douro.

O projeto de investigação sobre a "Ocupação Humana em torno da Aldeia de Pegarinhos" arrancou no verão de 2012 e prolonga-se até 2015.

"Aqui oferecem-nos uma formação prática que a faculdade não dá", afirmou hoje à agência Lusa Margarida Leite, aluna de Arqueologia da Universidade do Porto.

O trabalho é voluntário e a recompensa é a aprendizagem.

"Praia? Não. Às vezes vamos até ao rio mais próximo, mas no geral é aqui, a lavar cerâmicas ou a fazer desenho. Aproveitar o máximo possível para aprender", salientou.

A espanhola Laura Pascoal estuda Arqueologia na Universidade de Madrid e aproveita também as férias para vir ao terreno aprender. "É duro, mas é gratificante", frisou.

Susana Saboya é brasileira e estudante de História na Universidade do Porto.

"Encontramos coisas muito bonitas e únicas, como pedaços de cerâmica, e começamos a imaginar como seria a vida dessas pessoas aqui. O que elas tinham e o que elas armazenavam, o que acontecia aqui, se era somente casas, armazéns, o que significa. É muito interessante", sublinhou.

Daniel Barros, residente em Vale de Mir, é trabalhador agrícola e, enquanto não começam as vindimas no Douro, aproveita para ajudar a descobrir a história da sua terra.

"Não sabia que existiam aqui estas coisas escondidas debaixo da terra", disse à Lusa.

Os trabalhos de campo estão a ser dirigidos por Pedro Pereira e Tony Silvino, arqueólogos do Centro Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Durante o mês de agosto os voluntários escavaram e limparam um conjunto de muros, perto de onde foram encontrados vestígios de um reservatório de água romano.

"Estamos neste momento a tentar compreender como é que se relacionam esses edifícios. É um tipo de estrutura que é muito raro ser escavado em Portugal", referiu Pedro Pereira.

Tony Silva explicou que os vestígios correspondem a uma época posterior à conquista romana desta parte da Península Ibérica e que a planta do edifício descoberto "não é a mesma de uma habitação tradicional romana".

Os arqueólogos suspeitam que se possa tratar de uma exploração agrícola ou de um acampamento militar, até porque já aqui foram encontrados vestígios de armas.

Os trabalhos decorrem no vale do Douro, onde, segundo Pedro Pereira, existem várias "lagaretas" e lagares de vinho romanos escavados na rocha.

Devido à importância da produção de vinho neste território, o projeto contempla a preparação de uma estrutura de lagar romano, na qual o arqueólogo espera que possa ser produzido vinho em 2015.

"O vale do Douro está cheio de potencial arqueológico e há poucas escavações. Há uma imensidão tremenda de material para estudar e de sítios para escavar", sublinhou.

Os voluntários ficam instalados na antiga escola primária de Pegarinhos.

Pedro Pereira salientou que este projeto de investigação só é possível devido ao mecenato de empresas, como a Gran Cruz, da Associação Cultural Desportiva e Recreativa de Freixo de Numão, que empresta o material de escavação, da junta e da Câmara de Alijó.

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