“Siza, Câmara Barroca" reúne 18 obras do arquiteto no Museu Soares dos Reis

“Siza, Câmara Barroca" reúne 18 obras do arquiteto no Museu Soares dos Reis
Foto: Pedro Benjamim | Porto Canal
| Porto
Porto Canal/Agências

O Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, inaugura na próxima quinta-feira "Siza, Câmara Barroca", uma exposição que reúne 18 obras do arquiteto e que resulta de uma investigação que procurou “a cidade barroca” na sua obra.

“Num certo sentido, estes trabalhos [do arquiteto Álvaro Siza] todos juntos constituiriam uma potencial cidade barroca à escala planetária. Aliás, o projeto de investigação trabalhou nessa possibilidade de representação cartográfica que evidencia que estes projetos colocados lado a lado ganham um sentido especial e uma espécie de racionalidade própria, que parece incompatível com o barroco, mas não é, do tempo comum e do tempo festivo, próprio da poesia, mas também da resposta técnica ao problema das pessoas”, explicou um dos curadores da exposição “Siza, Câmara Barroca” José Miguel Rodrigues, antecipando a sua inauguração.

Patente ao público até 31 de dezembro, a mostra resulta do projeto “Siza Barroco” e encerra a investigação desenvolvida ao longo dos últimos três anos no Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (CEAU/FAUP).

“Siza, Câmara Barroca” reúne 18 obras de Álvaro Siza, atravessando diferentes períodos do seu trabalho, estudado por uma equipa coordenada por José Miguel Rodrigues e Joana Couceiro, ambos curadores da exposição com Constança Pupo Cardoso.

Para José Miguel Rodrigues, as obras selecionadas para a exposição expõem a ligação que as composições do autor estabelecem com a ideia do barroco, desafiando o espartilho daquele estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII.

“Evidentemente que o arquiteto Siza não viveu nos séculos que são próprios do barroco, mas se esta tese tivesse algum fundamento, algumas ideias reapareciam no modo como encara alguns valores da arquitetura e a investigação procurou indagar isso”, explicou o investigador em conversa com a Lusa.

A exposição retrata precisamente um conjunto de obras onde a ideia do barroco “é recorrente”, incidindo “em trabalhos iniciados nos anos 70, ainda antes do 25 de abril de 74, prolongando-se pelos anos 90, até ao seu reconhecimento maior com a atribuição prémio Pritzker”.

Para encontrar a dimensão barroca na obra de Siza são colocadas em paralelo ideias e expressões artísticas, como pinturas, que em confronto com fotografias e esquissos dos trabalhos do arquiteto, evidenciam características atribuídas àquele estilo.

No conjunto das 18 obras em exposição apenas quatro são trabalhos realizados fora de Portugal, como o Museu Iberê Camargo, no Brasil e a torre residencial em Nova Iorque desenhada pelo autor, “impressionante enquanto exemplo, porque ela é simultaneamente um marco na paisagem de Nova Iorque e ao mesmo tempo é um exemplo de integração urbana”, assumindo, a dupla condição de função residencial e monumental, assinala José Miguel Rodrigues.

Na viagem pela obra do arquiteto, os visitantes são convidados a revistar os projetos da FAUP, do Bairro das Caxinas (Vila do Conde) ou dos Muros do conjunto da Boa Nova (Matosinhos), entre outros, com especial destaque para a Casa Beires (Póvoa de Varzim) - conhecida por “Casa Bomba” devido ao seu formato – e que é um elemento central na exposição.

Na exposição, que pretende contribuir para redescobrir Siza a partir desta nova lente de leitura, os visitantes são ainda convidados a viajar através de anotações, transcritas em partituras, da autoria do arquiteto ou sobre o próprio.

A expectativa, confessa o investigador, é a da que a investigação realizada, agora transposta para exposição, “possa salvar uma linha de arquitetura de que o arquiteto Siza é o arquiteto mais importante dos últimos séculos”.

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