Câmara de Ovar espera retomar obra de 2,6 milhões de euros para reconverter Esmoriztur em polo cultural
Porto Canal / Agências
A Câmara Municipal de Ovar conta avançar em novembro com a requalificação de 2,6 milhões de euros do edifício Esmoriztur, após um segundo concurso público para transformar esse auditório num “polo cultural de excelência” na freguesia de Esmoriz.
Segundo revela hoje a referida autarquia do distrito de Aveiro, a empreitada foi confiada à empresa Empribuild Lda. e, se não surgirem imprevistos nos trâmites burocráticos até à autorização da obra pelo Tribunal de Contas, a intervenção deve arrancar “no início do mês de novembro” e terá depois um prazo de execução de 420 dias.
Recordando que o presente contrato se destina a retomar os trabalhos interrompidos em 2020 devido a dificuldades financeiras do empreiteiro, o presidente da câmara, Domingos Silva, realça: “Atualmente, o edifício encontra-se inacabado, sem qualquer tipo de uso, pelo que urge concluir a intervenção, sob pena de, com o tempo, haver maior degradação e o custo de uma nova empreitada ser superior”.
O autarca social-democrata está convicto, contudo, de que a atual empreitada “irá dotar o Esmoriztur de todas as condições para o equipamento se assumir como mais um polo cultural de excelência no concelho”.
Nos seus moldes originais, quando foi inaugurado em fevereiro de 1981, o Esmoriztur tinha como valência principal um auditório com cerca de 600 lugares, pelo qual passaram artistas como Amália Rodrigues, e acolhia também restaurante, cafetaria e diversas salas de atividades.
Adquirido pela Câmara Municipal de Ovar no final da década de 1990, o imóvel encerrou portas definitivamente em 2008, após o que a sua reabilitação se tornou uma reivindicação recorrente da comunidade local.
A autarquia procurou atender ao pedido, mas, ao longo dos anos, o projeto enfrentou sucessivas dificuldades: primeiro, falta de financiamento; depois, atrasos na obra devido a incapacidade financeira do empreiteiro, o que culminou com a revogação do respetivo contrato em 2020; em fevereiro de 2024, suspeita de irregularidades denunciadas em carta anónima ao Ministério Público; e, em março deste ano, o lançamento de um segundo concurso público que, com um valor-base de adjudicação na ordem dos 2,25 milhões de euros (mais IVA), não recebeu quaisquer candidaturas.
Depois disso, a câmara aumentou o valor do procedimento para 2,693 milhões de euros e o segundo concurso foi então ganho pela Empribuild, que terá menos de um ano e dois meses para concluir os trabalhos.
A intervenção atual vai reduzir a lotação do auditório para 500 lugares, mas garantindo à plateia lugares mais cómodos e adaptando a sala aos requisitos exigidos por espetáculos de diferentes valências, sejam eles teatro e concertos, por exemplo, ou cinema, conferências e exposições.
Domingos Silva diz que a obra vai “otimizar as condições existentes no auditório, adaptá-lo às novas exigências regulamentares” e dotá-lo com recursos que até aqui “não existiam e limitavam o seu uso”. Isso passará por um conjunto de medidas que abrange desde a instalação de rampas de mobilidade na frente urbana do imóvel até à reorganização de espaços e acessos interiores para assegurará ao equipamento “uma utilização multifuncional”.
Além do aumento da área de palco, a empreitada prevê a alteração integral do sistema de som, iluminação cénica e mecânica de cena, e também a reformulação da acústica da sala, graças à nova disposição dos revestimentos, ao ajuste do formato e posição do teto falso, e à relocalização da régie ao nível da plateia.
Igualmente anunciada está a mudança dos sistemas de desenfumagem do auditório e a sua substituição por meios mecânicos, com a eliminação das claraboias para retirada de fumo, e a abertura do 'foyer' “sobre a cafetaria”, para que essa funcione “mesmo em períodos em que o auditório esteja encerrado”.
Domingos Silva acredita que, mediante diversas configurações espaciais, isso garantirá maior versatilidade ao Esmoriztur, permitindo-lhe complementar a programação da sua sala principal com atividades paralelas de menor dimensão e maior frequência, como exposições, pequenos concertos e apresentações de produtos.