CDU acusa Metro do Porto de "esperteza saloia" por omitir derrapagem nas obras do metrobus
Porto Canal/Agências
A CDU exortou esta quinta-feira o Governo a subscrever o protocolo que passa o metrobus do Porto para a alçada da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), criticando a indefinição em torno da operação do novo meio de transporte.
"A CDU exorta o Governo, designadamente o Ministério das Infraestruturas que tutela a empresa Metro do Porto, a subscrever, imediatamente, o protocolo que transfere para a STCP a operação do metrobus", refere a CDU/Porto, esta quinta-feira, num comunicado enviado às redações.
Desta forma, refere, haveria um reconhecimento de que "o metrobus, apesar do nome, é um transporte rodoviário, pelo que a sua operação compete exclusivamente, na cidade do Porto, à STCP".
O metrobus do Porto é um serviço de autocarros a hidrogénio que ligará a Casa da Música à Praça do Império (obra quase concluída) e à Anémona (na segunda fase) em 12 e 17 minutos, respetivamente.
No entender da CDU, a transferência para a STCP das infraestuturas do metrobus "tem de ser acompanhada da assunção da responsabilidade pelos custos adicionais que esta transferência, antes da concretização dos pressupostos assumidos pela Metro do Porto (fornecimento do material circulante e do sistema de geração e abastecimento do Hidrogénio verde), trará para a STCP".
"A CDU considera, também, que a assunção, por parte da STCP, da operação do metrobus nestas condições precárias, não pode prejudicar a cobertura e o nível de serviço da restante rede que, como se sabe, tem registado diversas fragilidades", refere.
A coligação entre o PCP e o PEV vinca ainda que a obra do metrobus "ainda não está concluída", acusando a Metro do Porto de "procurar criar a ilusão do cumprimento de prazos" e de "desmentir o prazo que tinha previamente anunciado".
A CDU argumenta que, numa resposta dada ao grupo de trabalho para Acompanhamento de Investimentos de Transporte Público (AITP) da Assembleia Municipal do Porto, "é referido o dia 23 de agosto como a data de conclusão da empreitada", incluindo 30 dias para ensaios de todos os sistemas, conclusão da sinalização horizontal e vertical, conclusão das estações ao longo do percurso e conclusão da reposição dos jardins da Avenida Marechal Gomes da Costa.
No dia 23 de agosto, a Metro do Porto anunciou a conclusão geral da empreitada da primeira fase do metrobus (Casa da Música - Império), mas remeteu a finalização dos acabamentos para o final de setembro.
"A CDU não pode deixar de lamentar mais este incumprimento e, ainda pior, a esperteza saloia de tentar propagandear o 'cumprimento' de um prazo quando, objetivamente, em apenas dois meses, se registou o atraso de mais um mês", aponta.
Faltam chegar os veículos a hidrogénio que farão a operação, fazendo com que uma solução provisória esteja atualmente em discussão entre a STCP e a Metro do Porto, gerando discordâncias públicas entre as entidades.
Em 07 de agosto, fonte da STCP afirmou que "não existe qualquer solução provisória fechada" para operar o metrobus, vincando que "não compete à Metro do Porto" definir tal desfecho, após declarações do seu presidente nesse sentido.
Fonte da STCP respondeu à Lusa após o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, ter reiterado, no mesmo dia, que serão autocarros da STCP a operar provisoriamente no canal do metrobus enquanto não chegarem os veículos encomendados especialmente para o serviço, pretendendo começar a operar em setembro.
A Metro do Porto disse à Lusa que a realização de acabamentos não é incompatível com um hipotético arranque da operação em setembro.
Em julho, a presidente da STCP, Cristina Pimentel, tinha considerado "impossível" arrancar com a operação do metrobus em setembro, apesar de o presidente da Metro do Porto garantir que o memorando de entendimento para a sua operação "será assinado a tempo".
A obra do metrobus custa cerca de 76 milhões de euros.