“O segredo da bola de berlim está na massa”
Porto Canal
Um dia de praia pede uma bola de berlim. A iguaria típica dos portugueses demora mais de uma hora a ser confeccionada e quem prepara diariamente este doce confessa que grande parte do segredo “está na massa”.
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O barulho das máquinas a trabalhar enche a fábrica da “Pastelaria Rafa” em São João de Ver, no concelho de Santa Maria da Feira. O calor que ali se faz sentir não é culpa do sol com que os portugueses se bronzeiam na praia mas sim do forno industrial, localizado ao fundo da sala, onde são cozidas centenas de bolas de berlim, com o ar a ser invadido por um cheiro de fazer as delícias de miúdos e graúdos. Ao comando da confeção encontra-se Rafael Pereira, pasteleiro desde que se lembra de ser gente, e proprietário do espaço há 12 anos.
A lavoura arranca às quatro horas da manhã e só termina quando o sol vai alto. Esta rotina repete-se diariamente e intensifica-se na época de verão, altura em que não há tempo para baixar os braços e o descanso é deixado para outros dias.
Enquanto amassa a massa, o empresário de 50 anos diz-nos que o segredo da sua receita de bola de berlim “está na massa” e na arte “de amassar” e que a produção, que envolve amassar, cozer, fritar, rechear e embalar, demora mais de uma hora. No final, a prova é um requisito obrigatório para “testar a qualidade”.
A elevada procura leva a que o doce esteja disponível durante todo o ano. Além da venda ao público, no verão, o bolo pode ser encontrado nas praias fluviais do Douro, mas também nas praias entre a Torreira (Aveiro) e Canidelo (Vila Nova de Gaia). Para este serviço, Rafael Pereira conta com dez vendedores.
O pasteleiro só faz a bola de berlim com creme, a receita tradicional. Salvo raras exceções, reinventa o bolo e recheia-o com outro sabor, tal como “o de nutella”, que é o mais solicitado pelas camadas mais jovens.
Nas quatro paredes daquela fábrica, onde trabalham meia dúzia de colaboradores, já foram feitas “70 mil bolas de berlim” em apenas dois meses de época balnear, mas, fruto da atual instabilidade económica do país, a produção baixou para as “40 mil bolas de berlim”.
Com o saco de pasteleiro na mão, pronto para rechear um tabuleiro de bolas de berlim, Rafael comenta que este verão o negócio “está mais fraco” por causa do “tempo instável”, que afugenta os clientes das zonas balneares. Depois de concluída essa tarefa e antes de fechar portas a mais um dia de trabalho, entrega a um cliente habitual as duas últimas caixas com 80 bolas de berlim.