Uma semana depois da inauguração, já surgem queixas aos acessos da estação de Vila d’Este
Catarina Cunha
Desde a passada sexta-feira que o metro já circula até Vila d’Este, em Vila Nova de Gaia, resultado de uma obra de extensão da linha amarela do Metro do Porto. Menos de uma semana depois da inauguração da “obra que faltava”, muitos utilizadores já apontam o dedo a problemas nas acessibilidades à estação.
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É em Vila d’Este, uma freguesia de Vila Nova de Gaia, onde vivem milhares de gaienses que nos últimos dias não conseguem esconder a felicidade de ver as carruagens do metro a pararem “à porta de casa”.
Sentada junto à soleira da entrada do seu prédio, Maria Oliveira conta que a presença do metro do “outro lado da rua“ é “uma maravilha” e crucial para aquele local, uma vez que até então “só tínhamos autocarros de meia em meia hora”.
Na estação, prestes a fazer a sua primeira viagem, encontra-se Gracilda Borges, residente em Vila d´Este há 25 anos, acompanhada pela neta. A moradora reforça que o transporte público vem melhorar as deslocações dos habitantes para a outra margem do Douro. “Até para ir ao Porto facilita”, sublinha.
Ao seu lado, debaixo de uma árvore, encontrava-se Fernando Lage. A curiosidade de conhecer uma das freguesias mais populosas de Gaia motivou-o a experimentar a viagem de metro que, na sua perspetiva, é mais cómoda do que a de autocarro. “Vim passear e passar um bom momento. Está diferente, fazia falta e é uma mais-valia para todos”, realça o reformado.
Ainda assim, há quem não deixe que a felicidade deste “sonho concretizado” se sobreponha ao que sente quanto ao acesso à estação que, neste momento, apenas pode ser feito por intermédio de um lance de escadas. Para Arnaldo Silva, utilizador frequente daquela linha, a maior preocupação é descer e subir a escadaria que dá acesso ao cais. “Para as pessoas que têm sequelas como eu… é complicado”, sustenta o idoso, apontando também para a escassez de corrimões. Outro morador, António Soares admite ter ficado surpreso quando não viu “uma ajuda, neste caso uma rampa para as pessoas que têm mais facilidade em subir”.
As queixas às acessibilidades da estação ganham particular força nas redes sociais, onde inúmeros internautas comparam o layout atual das escadas em Gaia com outros exemplos que são tidos como mais adequados a pessoas de mobilidade reduzida.
As queixas às acessibilidades da estação ganham particular força nas redes sociais
Cobertura pequena
Para o visitante Francisco o problema é outro: a cobertura da paragem. Diz ser pequena para a quantidade de utilizadores do metro. No inverno, “se der chuva ou vento as pessoas têm que subir para os bancos de pedra e encostarem-se ao vidro para não se molharem”, comenta o reformado de 74 anos, salientando que a questão é transversal a outras estações de metro da cidade.
O Porto Canal contactou a Metro do Porto que não quis prestar qualquer esclarecimento sobre este tema.
Obra sofreu derrapagens
A extensão da Linha Amarela foi inicialmente pensada em 2017, mas a obra só arrancou em 2021. Com o passar do tempo, aumentaram as dúvidas do cumprimento de prazos da empreitada.
E os prazos efetivamente derraparam. A inauguração, que esteve inicialmente apontada para abril, aconteceu apenas na passada sexta-feira. O motivo é simples, esclareceu Tiago Braga: "Houve a necessidade de respeitar um processo técnico longo de instalação de serviços e equipamentos. Embora tenha havido um prazo adicional face ao contratual, foi um esforço necessário para garantir a qualidade e segurança da operação."