Sophia de Mello Breyner. Partiu há 20 anos a escritora que habita para sempre nas árvores do Porto

Sophia de Mello Breyner. Partiu há 20 anos a escritora que habita para sempre nas árvores do Porto
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Porto Canal

2 de julho de 2004. Duas décadas passaram do adeus a Sophia de Mello Breyner Andresen, uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Nos jardins do Palácio de Cristal, em 2017, a família da escritora recordou com saudade a portuense que reside para a eternidade nas árvores da cidade e nas praias nortenhas que inspiraram algumas das obras mais marcantes da literatura portuguesa.

 
 
 
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Sophia nasceu a 6 de novembro de 1919 no Porto, cidade que marcaria profundamente o seu caminho literário. Os seus primeiros anos de vida foram passados na Quinta do Campo Alegre, adquirida pela sua família no século XIX e que mais tarde viria a transformar-se no Jardim Botânico do Porto.

Foi aqui que se deu o seu primeiro contacto com a poesia, quando Laura, uma criada da casa, lhe ensinou aos três anos o seu primeiro poema. Não sabia ainda ler nem escrever, mas nunca mais parou de recitar “A Nau Catrineta”. E foi aí que quis aprender mais.“É muito difícil saber em que medida é que a poesia também me criou. E é muito difícil para mim agora distinguir e saber se eu poderia ter sido outra coisa”, contou sobre essa memória em entrevista.

O contacto com a natureza moldou a sua produção escrita, e o mar assumiu-se como um dos elementos cruciais. Do outro lado do Douro, em Vila Nova de Gaia, está aliás a casa de férias da família, cuja atmosfera é eternizada na sua obra. Foi a casa na praia da Granja que inspirou poemas como “Casa Branca”.

“Casa branca em frente ao mar enorme,
Com o teu jardim de areia e flores marinhas
E o teu silêncio intacto em que dorme
O milagre das coisas que eram minhas”

A escritora de origens dinamarquesas casou-se em 1947 com o jornalista, político e advogado Francisco Sousa Tavares, com quem teve cinco filhos, e estreou-se na literatura para crianças graças a eles. “A Fada Oriana” e “A Menina do Mar” nascem da vontade de contar histórias aos filhos quando estes adoeciam.

Feira do Livro do Porto de 2017

“Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.”

Homenageada na Feira do Livro do Porto de 2017, foi recordada pelo presidente da autarquia como uma personalidade não só fundamental da literatura do país, mas também “muito querida dos portuenses”.

Foi aí que acabaria atribuído o seu nome a uma árvore na Avenida das Tílias, nos Jardins do Palácio de Cristal, com o filho Miguel a falar de um Porto que “tem retribuído com imensa gratidão o que foi uma grande lealdade e amor dela a esta cidade”. Já Martim Sousa Tavares lembrou uma avó “para quem as árvores eram poesia”, garantindo que quem a conhece sabe que já terá voltado para evocar “os instantes que não viveu junto ao mar, e estará na praia da Granja”, bem como “em muitas árvores por esse Porto fora”.

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