Marcha do Orgulho do Porto regressa no sábado para combater "sociedade retrógrada, conservadora e odiosa"
Porto Canal / Agências
A Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto vai regressar no sábado, adiantou esta quinta-feira a comissão organizadora, que promete resistência contra aqueles que “tentam promover uma sociedade retrógrada, conservadora e odiosa”.
A 19.ª edição da marcha vai começar na Praça da República às 15h00 e culminar às 19h00 no Largo Amor de Perdição, onde vai decorrer o Arraial + Orgulhoso do Porto, disse a Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho do Porto (COMOP) 2024.
Num comunicado enviado à Lusa, a comissão disse que o arraial, que se irá prolongar até às 01h00 de domingo, “é um momento fundamental para a visibilidade de artistas ‘queer’ e de várias associações e coletivos da cidade”.
A marcha vai decorrer sob o lema “De Cravo na Mão, porque somos liberdade e revolução!”, com a comissão a defender que o “espírito revolucionário é mais necessário do que nunca”, especialmente na celebração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974.
“Este marco histórico exige uma reflexão sobre as promessas por cumprir, as liberdades ainda não conquistadas da Revolução dos Cravos”, sublinhou o comunicado.
A comissão deu como exemplo “maior representação e inclusão de mais corpos e vozes na construção de uma sociedade mais justa, equitativa e capaz de garantir liberdade para todas as pessoas”.
A marcha vai decorrer em “um dos momentos mais críticos da história portuguesa desde o 25 de Abril”, defendeu a organização.
O comunicado recordou a recente eleição de 50 deputados “de extrema-direita”, o “regresso do ultraconservadorismo a forças políticas tradicionais” e a “emergência de autênticas milícias que perseguem pessoas e organizações”.
“Voltaram em força as políticas e discursos homofóbicos, transfóbicos, misóginos, racistas, xenófobos, e capacitistas, que tentam promover uma sociedade retrógrada, conservadora e odiosa. Mas haverá sempre resistência e liberdade”, prometeu a comissão.
A Marcha do Orgulho LGBTI+ do Porto é constituída por 22 coletivos e associações da cidade que trabalham de forma voluntária no combate à discriminação da comunidade, sublinhou a organização.
A edição de 2023 ficou marcada por trocas de posições entre a organização e a Câmara do Porto devido à localização do seu término e respetivo formato.
Os organizadores chegaram a entregar uma petição contra a "invisibilidade" da marcha perante a sugestão da Câmara de fazer o arraial final no Parque do Covelo, tendo também sido sugeridas as Fontainhas, mas sem apoio municipal.
O presidente da autarquia, Rui Moreira, disse que o município "não é ouvido nem achado" quanto à realização da marcha, mas "questão diferente" era a do arraial, que apenas teria apoio logístico da Câmara se fosse no Parque do Covelo, fora do centro da cidade.
A organização acabou por optar por acabar a marcha na zona da Cordoaria, com uma festa em vez de um arraial.