Portugal é "claramente pró-europeu" e Costa está mais perto do Conselho Europeu, consideram analistas

Portugal é "claramente pró-europeu" e Costa está mais perto do Conselho Europeu, consideram analistas
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Porto Canal/Agências

Especialistas em assuntos europeus consideram que as eleições europeias mostram que Portugal é um país “claramente pró-europeu” e que o ex-primeiro-ministro António Costa é agora “uma possibilidade reforçada” para o Conselho Europeu.

Em Portugal, “o centrão ganhou”: PS, Aliança Democrática (AD), Iniciativa Liberal (IL) somam mais de 70% dos votos e, juntando o Livre, que não conseguiu eleger um eurodeputado, esse valor sobe para 76%, disse à Lusa Ricardo Borges da Fonseca, diretor-adjunto do Centro de Política Europeia (EPC).

“É um país claramente pró-europeu e o resultado do Chega demonstra isso bem”, considerou.

O partido de André Ventura “não tem posições claras para a Europa/União Europeia e, se pensava que ia surfar a onda das legislativas, enganou-se”, referiu o analista, acrescentando que os dois deputados que o Chega elegeu pela primeira vez “vão engrossar as fileiras da direita radical e xenófoba no Parlamento Europeu”.

Para o consultor em temas europeus Henrique Burnay, o Chega “não consegue mobilizar o seu eleitorado, essencialmente de protesto”.

O analista também vê “bons resultados para o grande centro”, mas são “maus para a esquerda à esquerda do PS e maus, considerando as expectativas, para a direita à direita da AD”.

“Cinco anos depois das últimas eleições, o PS ganha com uma pequena perda. Mas à sua esquerda perderam-se muitos votos e mandatos. É um resultado estável mas que mostra uma erosão à esquerda”, referiu.

À direita, a “principal boa notícia” para a AD é que “o crescimento da IL e do Chega não a impede de ter bons resultados”, considerou.

Sobre o futuro presidente do Conselho Europeu, cargo para o qual António Costa tem sido um nome falado, Henrique Burnay acredita que o antigo primeiro-ministro “é uma possibilidade reforçada”.

“Não há nomes alternativos nos socialistas, os liberais perderam margem de manobra para pedir o lugar e o PPE [centro-direita] tem interesse em pactuar com os socialistas a distribuição desses lugares, como sempre. Em troca, os socialistas têm de apoiar o nome do PPE para a Comissão [Europeia, Ursula Von der Leyen]”, aponta.

Burnay vê ainda como “significativos” a ausência de António Costa da campanha europeia do PS e o silêncio sobre Von der Leyen: “Não se lhe ouviu uma crítica”.

Borges da Fonseca considera que o Conselho Europeu precisa de um político experiente e que “saiba forjar consensos”, e não um que “esteja em permanente competição com o presidente da Comissão ou à procura de protagonismo”.

“A União Europeia teve cinco anos de disfuncionalidade institucional entre Conselho e Comissão”, disse – o episódio mais polémico ficou conhecido como “Sofagate”, quando o líder do Conselho Europeu, Charles Michel, se sentou num encontro com o Presidente turco, deixando Von der Leyen em pé.

“Os tempos que aí vêm não estão para isso, mas sim para políticos responsáveis que colocam o interesse europeu à frente do seu próprio interesse. E, sim, António Costa encaixa neste perfil”, destacou.

O PS foi o partido mais votado, com 32,1% e oito eurodeputados, nas europeias de domingo, à frente da Aliança Democrática, que teve 31,1% e sete mandatos, segundo os resultados provisórios.

Segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o Chega, que elegeu dois eurodeputados, foi a terceira força política, com 9,79%.

Também com dois deputados eleitos, a Iniciativa Liberal (IL) obteve 9,07% dos votos.

O Bloco de Esquerda (BE) recolheu 4,25% dos votos e a CDU (PCP/PEV) 4,12%, obtendo um eurodeputado cada.

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