Von der Leyen, política de alianças e habitação marcam divergências entre AD e PS

Von der Leyen, política de alianças e habitação marcam divergências entre AD e PS
| Política
Porto Canal / Agências

A política de alianças, declarações da presidente da Comissão Europeia e a habitação marcaram esta terça-feira as divergências entre PS e AD no debate das europeias na RTP, tendo o PCP criticado a “sã convivência da União Europeia com a extrema-direita”.

O debate a quatro que decorreu esta noite na RTP opôs Marta Temido (PS), Sebastião Bugalho (AD), António Tânger Corrêa (Chega) e João Oliveira (PCP) e ficou ainda marcado por divergências sobre a a guerra na Ucrânia e sobre declarações recentes do chefe do Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo.

Quando o moderador, o jornalista Carlos Daniel, confrontou Marta Temido com as declarações da presidente da Comissão Europeia e lhe perguntou se concordava com a ideia de que esta eleição para o Parlamento Europeu era um combate entre as forças democráticas e os próximos de Putin, a cabeça de lista do PS considerou que Ursula von der Leyen “não sabe de que lado é que vai ficar em relação a esse combate” uma vez que admite parcerias políticas com forças políticas de extrema-direita.

“Isso preocupa-nos imensamente”, disse, considerando que é preciso, sem dramatizar, dizer às pessoas o que é que está em causa nesta eleição.

O cabeça de lista da AD contestou a afirmação da opositora socialista, tendo Marta Temido citado uma notícia em que se lia que Ursula von der Leyen “abre a porta à extrema-direita” e Bugalho respondido que “isso não quer dizer que ela esteja do lado de Putin”.

“Marta Temido, ou se está a expressar mal ou não percebeu o que está nessa noticia. Von der Leyen abre a porta aos conservadores e reformistas, mas não podemos amalgamar o grupo da Identidade e Democracia com o grupo dos conservadores e reformistas”, contrapôs Bugalho.

Nesta fase do debate, o candidato do Chega considerou que caracterizar o seu partido como de extrema-direita é errado e que esta força política “não se revê em ideologias caducas e que estão mais perto do Partido Comunista”.

“O Chega é um partido conversador e que não é de todo a favor do senhor Putin, pelo contrário”, disse.

Sobre uma eventual mudança do Chega de grupo na Europa, Tânger Corrêa remeteu tudo para depois dos resultados das eleições europeias, adiantando que “nessa altura poderá haver uma negociação para aumentar a base de apoio da área conservadora em que o Chega” se vai ser inserir no futuro.

Questionado sobre se coloca a hipótese de os grupos Identidade e Democracia e dos Conservadores e Reformistas estarem juntos no próximo Parlamento Europeu, o candidato do Chega respondeu: “Não excluo, o que não quer dizer que considero”.

Pelo PCP, João Oliveira criticou “a sã convivência da União Europeia com a extrema-direita” porque, “fora umas guerras de alecrim e manjerona”, a extrema-direita “não põe em causa nem o militarismo nem o neoliberalismo”.

“Nem a União Europeia é uma polícia da democracia nem a senhora Von der Leyen é uma boa chefe de esquadra”, atirou.

Outro momento que marcou uma troca acesa de argumentos entre Temido e Bugalho foi quando a candidata do PS afirmou que a “Europa está sob ataque”, não apenas pela guerra, mas também “aos seus valores essenciais e a uma visão solidária que se está a esboroar”.

“Não são projetos de direita tradicional que convivem bem com extremas-direitas porque elas são mais ou menos palatáveis que nos levam a resolver estes problemas”, acusou.

Na resposta, o candidato da AD concordou que “os extremos ameaçam o estado de direito e a democracia”, mas recusou “aceitar lições de moral de conivência e complacência com a extrema-direita da parte do PS”.

“Os socialistas na Europa e o grupo mais à direita no PE votaram juntos 823 votações”, atirou.

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