FC Porto: Salto para a eternidade
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Porto Canal
O FC Porto venceu a Liga Europa em Dublin há 13 anos.
Venceremos, venceremos,
Venceremos outra vez.
O Porto vai ganhar a taça,
Como em 2003.
O cântico começou a ser entoado durante os primeiros passos da caminhada europeia e a sua mensagem confirmou-se a 18 de maio de 2011, em Dublin. Quase oito anos depois de Sevilha, o FC Porto voltava a conquistar a Liga Europa e somava o sétimo troféu internacional. Foi a última vez que uma equipa portuguesa venceu uma prova da UEFA.
A temporada anterior tinha sido desapontante, mas os túneis que conduziram o FC Porto ao terceiro lugar do campeonato deram-lhe a oportunidade de regressar a uma competição em que tinha reais possibilidades de sucesso, mesmo não sendo favorito. André Villas-Boas, que 13 anos mais tarde viria a ser eleito para liderar o clube, foi a escolha de Jorge Nuno Pinto da Costa para enfrentar este desafio.
O percurso até à capital da Irlanda foi quase imaculado. Começou na Bélgica, com uma pré-eliminatória frente ao Genk dos jovens Thibaut Courtois e Kevin de Bruyne (7-2 no conjunto das duas mãos). Prosseguiu com quatro vitórias, um empate e o primeiro lugar no grupo L, à frente de Besiktas, Rapid de Viena e CSKA de Sófia – é inesquecível o triunfo por 3-1 na Áustria, sobre a neve que cobria o relvado do estádio do Prater.
A partir dos 16 avos de final caíram o Sevilha (com um agregado de 2-2 desempatado pela vantagem nos golos marcados fora), CSKA de Moscovo (3-1), Spartak de Moscovo (10-3) e Villarreal (8-3). A primeira mão das meias-finais, no Estádio do Dragão, foi um dos momentos mais marcantes desta epopeia: ao intervalo, os espanhóis venciam por 1-0; na segunda parte, Falcao marcou quatro golos, Guarín juntou-lhe outro e o passaporte para Dublin ficou praticamente carimbado.
Na cidade que já deu ao mundo três prémios Nobel da Literatura, onde também nasceram Oscar Wilde e James Joyce e que é o local de origem dos U2, André Villas-Boas deu um salto para eternidade. Numa final inédita entre clubes portugueses, pela frente estava o Braga de Domingos Paciência, ídolo da infância do treinador azul e branco e goleador histórico do FC Porto. O jogo foi mais difícil do que os anteriores, os intervenientes até reconheceram que não foi bonito, mas só uma coisa importava verdadeiramente: ganhar. E o FC Porto ganhou.
A vitória por 1-0 foi construída com um cabeceamento de Falcao na sequência de um cruzamento de Guarín – e, também, com uma excelente defesa de Helton quando Mossoró lhe apareceu pela frente isolado. O avançado colombiano somou o 18.º golo na competição (incluindo o play-off) e alcançou um recorde que ainda não foi superado. André Villas-Boas estabeleceu outro registo histórico: aos 33 anos e 212 dias de idade, tornou-se o treinador mais jovem de sempre a vencer uma competição europeia.
Na Liga Europa de 2010/11 participaram várias grandes equipas, como o Atlético de Madrid – que ganhou a prova na época anterior e voltaria a conquistá-la na temporada seguinte –, a Juventus, o Liverpool ou o Manchester City – já com investimentos milionários. Teoricamente, todas dispunham de mais condições do que o FC Porto para chegar a Dublin e erguer os 15 quilos de prata e mármore de que é feito o troféu da Liga Europa. Mas nenhuma revelou mais qualidade, ambição e resiliência do que um clube centenário habituado derrubar obstáculos, superar expectativas e pôr nas bocas do mundo a cidade que deu nome a Portugal.